A MINHA NAVALHA AINDA CORTA
A minha navalha ainda corta
Nas madrugadas frias
Ouvindo os gemidos dos saxofones
Soprados pelos fantasmas
De hoje e de ontem
A calmaria me reconforta
Mais do que me assusta
Entre um cigarro e outro
Intercalo goles de bebidas
Destiladas ou fermentadas
Desde que sejam baratas
A qualidade não importa muito
Desde que queimem a garganta
Acalmando a minha alma
A minha caneta solta palavras
Como um lança chamas
Sem se importar com as conseqüências
Concretas ou abstratas
Com rima ou sem rima
Com estrofe ou parágrafo
A ideia vem do ambiente pautado
Pela dialética existencial...