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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Da reforma protestante ao movimento pentecostal


Texto: Joseclei Nunes (@JosecleiNunes)


No dia 31 de outubro, o mundo protestante comemora mais um no da famosa reforma protestante. Muitos tempos antes desde o tempo da criação da igreja católica aconteceram alguns movimentos que não aceitavam o poder da igreja católica e do próprio Papa. Mas desde quando Lutero colocou as 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica, houve muitas divisões dentro de mundo protestante, onde hoje, como por exemplo no Brasil, temos o movimento pentecostal e neo pentecostal onde mais cresce.

Tudo se inicia basicamente com a pré reforma que tem suas origens em uma denominação cristã do século XII conhecida como Valdenses, que era formada pelos seguidores de Pedro Valdo, um comerciante de Lyon que se converteu ao Cristianismo por volta de 1174. Ele decidiu encomendar uma tradução da Bíblia para a linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou à sua atividade e aos bens, que repartiu entre os pobres. Desde o início, os valdenses afirmavam o direito de cada fiel de ter a Bíblia em sua própria língua, considerando ser a fonte de toda autoridade eclesiástica. Eles reuniam-se em casas de famílias ou mesmo em grutas, clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica Romana, já que negavam a supremacia de Roma e rejeitavam o culto às imagens, que consideravam como sendo idolatria.

Apesar de acontecer a reforma protestante, muitos daquela época continuaram com algumas práticas da igreja católica como a inquisição protestante, a guerra dos trinta anos, o anti-semitismo, as brigas recentementes na Irlanda do Norte e no Brasil, a famosa Bancada Evangélica e a perseguições as religiões Espiritualistas e o movimento GLBT.

Com a reforma, houve retorno às Escrituras Sagradas  e, portanto, ao Cristianismo primitivo e apostólico -, entendemos que esse movimento, na prática, dividiu os cristãos ocidentais em Católicos e Protestantes que aconteceu até os meados do século XX não havia uma terceira opção para o Cristão. Até chegar ao movimento pentecostal, houve se muitas mortes, intrigas e algumas separações.

Após de da reforma protestante com Lutero, o protestantismo começou a difundir por toda parte da Europa com o João Calvino e os Calvinistas, A Dinamarca passou a ser protestante com o reinado de Cristiano III que com sua soberania se estendeu na Noruega e Suécia, onde na Noruega, soldados Luteranos demoliram algumas igrejas católicas e bispos foram expulsos. A reforma também chegou a países como Finlândia e Hungria que se difundiu através de diretrizes étnicas e na França com os Huguenotes, onde depois houve vários massacres, e muitos dizem que foi talvez o estopim de ideologias como o iluminismo e o próprio deísmo.

Com passar do tempo, a reforma protestante havia dividido a Europa em duas partes. Os estados católicos e os estados protestantes onde a divisão percorria o próprio Sacro Império Romano: a maior parte dos Estados alemãs setentrionais tornou-se luterana ou calvinistas, enquanto os meridionais continuaram com Roma.

Nesse período houve a guerra dos trinta anos e o crescimento do protestantismo, houve também a famosa inquisição protestante que apesar quantidade de registros literários dos próprios protestantes é vasta, porém, estranhamente ocultada pelos livros escolares, pela imprensa e mídia em geral. Muitas vezes vemos o que é omitido pelo lado protestante sendo por esses veículos, atribuídos maldosamente à Igreja Católica.
- O próprio Lutero nos legou o relato dessa prática, anos antes de lançar-se em revolta aberta, dizia: “(...) os hereges não são bem acolhidos se não pintam a Igreja como má, falsa e mentirosa. Só eles querem passar por bons: a Igreja há de figurar como ruim em tudo.” (Franca, Leonel, S.J. A Igreja, a reforma e a civilização, Ed. Agir, 1952, 6ª ed. Pág. 200).

Logo a mentira, a omissão e o falso testemunho se tornaram a coluna da doutrina dos pseudos “reformadores” protestantes.

A crueldade foi especialmente severa na Alemanha protestante. As posições de Lutero, contra os anabatistas, causaram a morte de pelo menos 30.000 camponeses.

Calvino, pai dos presbiterianos, mandou queimar o espanhol Miguel Servet Grizar, médico descobridor da circulação sanguínea. Acusado de heresia, Servet foi preso e julgado em Lyon, na França. Conseguiu evadir-se da prisão e quando se dirigia para a Itália, através da Suíça, foi novamente preso em Genebra, julgado e condenado a morrer na fogueira, por decisão de um tribunal eclesiástico sob direção do próprio Calvino. A sentença foi cumprida em Champel, nas proximidades de Genebra, no dia 27 de outubro de 1553. Puseram-lhe na cabeça uma coroa de juncos impregnada de enxofre e foi queimado vivo em fogo lento com requintes de sadismo e crueldade.

Se os protestantes do passado nenhum valor davam a essas muitíssimas vidas ceifadas no fogo, muito menos valor dão os protestantes de hoje, que por ignorância, orgulho ou omissão, se escusam de um simples pedido de perdão, para não ter que admitir as iniqüidades que falaciosamente atribuem aos outros.
Sem falar que os reformadores brigavam entre si...

Lutero disse: “Ecolampaio, Calvino e outros hereges semelhantes possuem demônios sobre demônios, têm corações corrompidos e bocas mentirosas”. Por ocasião da morte de Zwínglio, afirmou: “Que bom que Zwínglio morreu em campo de batalha! A que classe de triunfo e a que bem Deus conduziu os seus negócios!”, e também: “Zwínglio está morto e condenado por ser ladrão, rebelde e levar outros a seguir os seus erros”.

Zwínglio também atacava Lutero: “O demônio apoderou-se de Lutero de tal modo que até nos faz crer que o possui por completo. Quando é visto entre os seus seguidores, parece realmente que uma legião o possui”.
Acerca da Reforma, disse Rousseau: “A Reforma foi intolerante desde o seu berço e os seus autores são contados entre os grandes repressores da Humanidade”. Em sua obra “Filosofia Positiva”, escreveu: “A intolerância do Protestantismo certamente não foi menor do que a do Catolicismo e, com certeza, mais reprovável”.

Talvez essa entre os próprios reformadores, tenha causado uma divisão no mundo protestante que posteriormente surgiu os movimentos pentecostais e neo pentecostais.

Toda história surge de uma outra história. Muitos lideres de igrejas pentecostais vieram de igrejas protestante tradicionais. Igrejas como Luterana, Calvinista, Presbiteriana, Metodista e batistas, onde são as mais antigas.
O pentecostalismo está dentro de um gênero de manifestação religiosa que chamamos de entusiasmo religioso. Entusiasmo vem de “en” (prefixo que significa dentro) e “Theos”, que é Deus, e significa Deus dentro, sendo uma palavra de origem religiosa. E as manifestações entusiásticas ou carismáticas, como também são chamadas, têm ocorrido no cristianismo desde seus primórdios. A primeira que se conhece na história da igreja foi o movimento montanista, na segunda metade do segundo século, mais ou menos por volta do ano 170. Esse movimento ocorreu na Ásia menor, atual Turquia, numa região chamada Frigia, e o fundador foi o profeta cristão Montano, que se considerava o porta-voz do Espírito Santo, e anunciou para breve o fim do mundo. Ele era acompanhado por duas profetisas: Maximila e Priscila. Era um movimento tipicamente carismático, apelando para novas revelações, relativizando o valor da igreja, dos bispos e da própria Bíblia. Mas, depois, ao longo do tempo, da Idade Média, houve muitos movimentos desse tipo, movimentos pequenos, que acabavam sendo objeto de forte repressão por parte da igreja oficial, e não duraram muito tempo. Com certeza, depois da Reforma Protestante, multiplicaram-se essas manifestações entusiásticas, principalmente em conexão com avivamentos. O pentecostalismo tem uma genealogia. É filho de um movimento, surgido nos Estados Unidos, chamado Holiness, ou santidade; este, por sua vez, é filho do metodismo, que é filho do anglicanismo. Essa seria a genealogia do movimento pentecostal.
O surgimento do chamado pentecostalismo moderno – porque houve algumas manifestações do tipo pentecostal em outros séculos da história da Igreja - surgiu nos primeiros anos do século XX, exatamente a partir de 1901, em diferentes pontos dos EUA. Houve uma primeira manifestação no estado do Kansas, na cidade de Topeka, mas o que deu realmente notoriedade e fama para o movimento pentecostal inicial e o que começou a torná-lo um movimento internacional foi o famoso Avivamento da Rua Azusa , em Los Angeles, em 1906. Esse episódio se deu sob a liderança de um pastor negro chamado William Seymour . Como tinham pessoas de muitas etnias e nacionalidades participando deste avivamento da Rua Azusa, isso contribuiu para a rápida difusão do movimento, não só nos Estados Unidos, mas em outros países. Tanto é que, quatro anos depois, o pentecostalismo chegou no Brasil. No entanto, dentro de pouco tempo, houve outra cidade dos Estados Unidos que se tornou um grande centro do movimento pentecostal: Chicago.

Aqui, no Brasil, o movimento começou em 1910, com a Igreja Congregação Cristã no Brasil, através de um pregador chamado Luigi Francescon , o pioneiro pentecostal no Brasil. No ano seguinte, em 1911, chegou o segundo grupo, Assembleia de Deus. Francescon baseou suas atividades em São Paulo, e a Assembleia de Deus, em Belém do Pará. Daniel Berg  e Gunnar Vingren , dois missionários suecos que tinham sido batistas e depois se tornaram pentecostais, foram os fundadores da Assembleia de Deus no Brasil. Isso significa que essas duas igrejas agora estão completando seu centenário. Segundo Paul Freston , um sociólogo muito conhecido nos meios evangélicos e um grande estudioso do protestantismo brasileiro, há três ondas, três períodos de implantação do pentecostalismo no Brasil. A primeira onda é representada por essas duas igrejas antigas. A segunda onda é dos anos 40 e 50, quando o pentecostalismo se tornou mais urbano, e surgiram igrejas como a do Evangelho Quadrangular , a Igreja Pentecostal o Brasil para Cristo  e, um pouco depois, a Igreja Deus é amor . E a partir dos anos 70, a terceira onda, que é o neopentecostalismo, começou com a Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo , que foi fundada em 1977, no Rio de Janeiro. Outras dessa onda são a Igreja Internacional da Graça de Deus e a Igreja Mundial do Poder de Deus ; inclusive os nomes são muito parecidos.

O advento do Pentecostalismo é algo tão grande quanto a Reforma Protestante. Em termos de importância e grandeza, podemos dizer: o movimento Pentecostal é exatamente do mesmo tamanho da Reforma Protestante. Por conta desse tamanho, não pode ser incluído como um subtópico ou conseqüência da Reforma. Não caberia; é muito grande para isso.  Assim como a Reforma Protestante está para o Catolicismo, o Pentecostalismo está para a Reforma Protestante. O Pentecostalismo é um movimento completamente novo, no sentido de ser completamente outro. Verdadeiramente uma nova Reforma Religiosa, que os historiadores, num futuro distante, possivelmente, chamarão de “a Reforma Pentecostal”.  A primeira Reforma, a do século XVI, distanciou o cristianismo do Catolicismo Romano, a segunda, a Pentecostal, no século XX, promoveu essa reaproximação, em diversas frentes, como demonstraremos.  A Reforma Pentecostal é, de fato, um movimento que trouxe para o cristão ocidental uma terceira opção, antes inexistente. Agora o Cristão ocidental, pode ser:

 a) Católico Romano;
 b)  Protestante;
 c)   Pentecostal.

Cabe aqui também uma breve abordagem sobre o neopentecostalismo. Antes de qualquer coisa, precisamos entender que o neopentecostalismo não possui, à semelhança da Reforma Protestante e da Reforma Pentecostal,  status de Reforma Religiosa. Ele é, antes, um subtópico do Pentecostalismo. Ele cabe perfeitamente dentro do Pentecostalismo. Ou seja, todas as igrejas neopentecostais continuam sendo, em última análise, igrejas Pentecostais, diferindo apenas no  grau de variação das práticas e premissas  pentecostais, cujo cordão umbilical e DNA, entretanto, poderão, facilmente, ser encontrados na Rua Azuza – local onde, historicamente, se reconhece o marco zero do Pentecostalismo, aqui  entendido como uma “a nova Reforma Religiosa”. Portanto, é um grande erro histórico classificar igrejas como Renascer, Universal, Mundial do Poder de Deus, Internacional da Graça de Deus, Sara Nossa Terra e todas as outras “novas igrejas” que seguem essa mesma linha, de igrejas Protestantes.  Elas não têm absolutamente nada a ver com a Reforma Protestante. São fruto, responsabilidade e culpa única e exclusivamente da  Reforma Pentecostal do Século XX.

O pentecostalismo produziu transformações gigantescas no protestantismo brasileiro. Até o surgimento do pentecostalismo, o protestantismo era composto pelas chamadas igrejas tradicionais ou históricas da Reforma. A partir do pentecostalismo, houve uma mudança radical, primeiro um crescimento exponencial do protestantismo brasileiro por causa do crescimento pentecostal, e depois os pentecostalistas introduziram, no protestantismo brasileiro, inclusive nas igrejas históricas em maior ou menor grau, uma série de crenças e práticas que hoje influenciam bastante principalmente o chamado evangelicalismo brasileiro. As pregações ao ar livre, os cultos evangelistas com apelos fortemente emocionais, um novo estilo de música, as manifestações físicas, com pessoas levantando as mãos e batendo palmas, dizendo glória, aleluia etc., tudo isso é herança do movimento pentecostal. No que diz respeito ao neopentecostalismo, essa explosão imensa representada por igrejas gigantescas, como a Igreja Universal do Reino de Deus e sua nova teologia, diferente do pentecostalismo tradicional, que é a Teologia da Prosperidade, trouxe todo um conjunto novo de valores e práticas que os pentecostais e os protestantes desconheciam até então. No protestantismo tradicional sempre houve uma extrema valorização da vida espiritual, das realidades transcendentais em contraste com as realidades do mundo material, que era considerado de menor importância para o crente. O neopentecostalismo defende que não tem problema em aceitar esse mundo, de querer ser rico e importante, porque isso é bênção de Deus.

O legado do pentecostalismo é misto. Ele trouxe contribuições valiosas, mas também trouxe elementos extremamente problemáticos e preocupantes para o protestantismo brasileiro, por exemplo, o personalismo, o culto da personalidade através desses líderes, que são quase que idolatrados por muitas igrejas e que fazem questão de criar entre seus fiéis uma profunda veneração por eles. A riqueza e o sucesso são apontados como provas da fidelidade a Deus e das benções de Deus sobre a vida das pessoas, criando uma espiritualidade individualista, egocêntrica, onde a pessoa só busca seus projetos e objetivos pessoais, deixando de lado os interesses da comunidade.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

A busca frenética pelo reconhecimento pessoal no meio Pentecostal é algo gritante. Muitos jovens se martirizam psicologicamente para ter “o dom de línguas estranhas”, por exemplo. Com que objetivo? Edificar a igreja? Absolutamente. Com o fim de serem reconhecidos como “homens e mulheres de Deus”. Isso, em última instância redunda em glória pessoal e particular, além de render cargos. Cargos que inclusive possuem natureza hierárquica, o que possibilita uma nova ponte à idéia de clero do Catolicismo Romano, passando pelo “cargo” de presbítero, evangelista e evoluindo aos diversos tipos de pastores, numa escalada gradual, sendo o posterior superior ao imediatamente anterior. 

De todo esse estado de “glorificação velada do homem”, característica peculiar do humanismo - principal influenciador do Pentecostalismo, decorre a variação encontrada nas igrejas neopentecostais: a figura do Apóstolo, que pressupõe um grau extremamente alto e superior em relação aos demais líderes da igreja. Só não se sabe onde essa escala hierárquica de poder eclesiástico vai parar.

Há também a glorificação dos “profetas” e “profetisas” que não possuem, necessariamente, um cargo, muito embora seja o objetivo de muitos deles. Esses são “eleitos” pelo próprio povo para receberem a glória do reconhecimento. Esses têm uma oração mais poderosa que os demais. Com esses, dizem seus admiradores, Deus fala coisas profundas e misteriosas. Uma das principais frases de Malafaia, por exemplo, para trazer alguma espécie de “maldição” aos seus oponentes é “sou profeta de Deus”. Isso requer para si uma espécie de contato direto com Deus, o que lhe confere um poder extremamente grande.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Soli Deo Glória” é: Deus seja glorificado, mas também o “homem e a mulher de Deus".

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa: são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.

Agora decida: o Pentecostalismo tem algo a ver com a Reforma Protestante? Os pressupostos do Pentecostalismo são convergentes ou divergentes em relação ao pressupostos da Reforma Protestante do século XVI?

Desde a reforma protestante onde Lutero não concordava com o poder da igreja católica, das indulgencias que ela colocava até os tempos de hoje, o movimento protestante mudou muito. Desde pensamentos e idéias diferentes, como a de Jhon Wesley e o metodismo, que de sua divisão veio o metodismo wesleyano. Dos anabatistas aos batistas para batistas reformados.

Lutero, mesmo como todo seu anti-semitismo como no livro sobre judeus e suas mentiras, que talvez tenha inspirado Adolf Hitler a fazer o que fez com os judeus, já que esse livro não foi traduzido para o português, mas Hitler o admirava e talvez tenha lido o livro como inspiração, como diz Dawkins, mas mesmo assim Lutero, foi um exemplo de coragem, numa época, onde criticar a igreja católica era fogueira, ele lutou, traduziu a bíblia do latim para o alemão, de sua coragem, passaram-se épocas como o renascimento, iluminismo e entre outros. Ele usou a forma mais simples de se entender o evangelho e chegar a Deus, diferente do movimento pentecostal que hoje usa sua doutrina para demonizar, enriquecer e pelo jeito que anda, trazer de volta aquela forma de condenar, como um dia foi a igreja católica, onde Lutero tanto condenou...


Fontes:
Livro Negro do Cristianismo
Wikipédia
Filosofia Calvinista

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Manipulação pelo Desconhecido

A Manipulação pelo Desconhecido

Para a velha igreja, o demônio não é mera personificação arquetípica do mal, como ocorre nos mitos, mas sim, um ser com status metafísico e que tem como ocupação exclusiva e irremediável a prática de maldades. Operando como princípio ativo do mal, o anjo caído é o portador da mentira, do vício, da dor e da desgraça, enquanto habita o imaginário humano desde os primórdios do cristianismo, com uma força intermitente e sorrateira que persiste ao tempo.

Agora, o malfeitor é reverenciado através do discurso “marqueteiro” da nova indústria religiosa. A satanização voltou à moda e é o foco operacional de algumas seitas. O novo diabo não aparece mais rabudo e chifrudo como outrora, mas ainda carrega a acusação de se ocultar por detrás das doenças do mundo e, nas igrejas, se esconde na imoralidade, na pedofilia e na ganância.

Apesar da humanidade ter superado um longo período de superstições e dogmas ultrapassados, o gênio do mal, em pleno século XXI, conta com uma revalorização de sua influência. Não faltam exorcistas de plantão a espera da oportunidade de expulsá-lo em troca de uma generosa contribuição.  Durante mais de trezentos anos, a pretensa purificação pirotécnica da igreja, sob o insuspeito controle papal, torturou e assou muita gente nas fogueiras repressoras da Inquisição. Nada além de um jogo cênico que sensibiliza as supostas vítimas da possessão, desiludidas com a própria incapacidade de assumir o controle sobre a existência.  O perverso, acorrentado pelo poder da oração e untado pelo azeite sagrado é usado como pretexto para atender a diversas conveniências políticas.

A imagem do malvado não é mais do que uma representação do inconsciente coletivo para um processo no qual o homem transfere para o mito toda a maldade que existe dentro de si.  Dessa forma, fica o demônio responsabilizado pela parte maléfica do ser. Trata-se de um mito útil, porque lembra ao homem a sua própria animalidade, na forma de seus instintos básicos, isto é, aquela parte humana que não tem nada de divina. É justamente pelo cultivo do ódio e da agressividade, que o mito do demônio encontra forças para sobreviver.

Reflexão e autoconhecimento são os caminhos para a liberdade e implicam em deixar de segurar o capeta interior dentro de sua gruta.  É preciso encarar sua feiura de frente e lidar de modo profundo e sincero com os piores aspectos humanos relegados ao inferno particular, aquele transpessoal sombrio no qual habita o prazer pela destruição e o egoísmo. O demônio de cada um supera a razão e tem plena capacidade de dominar. Ocultar a própria vergonha, projetando sobre os outros a maldade, só faz crescer, ainda mais, o preconceito e a condenação.  Já tivemos fogueiras e exorcismos o suficiente.

Wasil Sacharuk

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Inocente e Réu


Inocente e Réu

Onde andei, por caminhos difíceis, sombrios e íngremes
Descobri a esperança, o renovar de cada andança, caridades e crimes
Passeando e observando no caminho, pássaros que vão e vem com gravetos no bico
Lembro de outras épocas, ninhos de cantos e gemidos.

Uma vida de baixos e apogeus.

Sinto saudade, sinto o perdão que outrora não conhecia
Aprendi, durante esses anos vividos, a amar e saciar a quem me sacia.

Doar-me mais e cobrar menos, a ser moderno amando o eterno, ser bom aprendiz
Aprendi a controlar minha raiva, ter paciência, pisando em ovos passando feliz.

Nesse caminho, a luz de fogos, declamo mansinho os versos teus
O vento mexe as margaridas, campos de trigo, a minha vida, baú de amigos.

Em outra vida eu fui um rei, ou fui um príncipe, bobo da corte ou um plebeu
Quem sabe hoje eu te visito e faço um bolo aos sons antigos.
Só tu e eu.

Na paisagem de tua janela, de frente ao lago, o pôr do sol
E no crepúsculo, ouvindo os sapos, os violinos, clave de sol
Sinto o toque divino, no verde e no azul piscina do céu
Vejo que ainda sou menino, sou desde pequeno, inocente e réu.

Texto: André Anlub
Foto: Caririaçu (arquivo pessoal)

domingo, 16 de outubro de 2011

DOE, NÃO DÓI


DOE, NÃO DÓI

Doe sangue, doe vida
Doe órgãos, dê uma saída
A vida é curta, curta a vida
De uma chance de alguém viver.

A fila é longa demais
A espera é dolorosa
Faça uma ação amorosa
Não deixe a bondade para trás.

Não é ser altruísta
Não é ser caridoso
É ser simplesmente humano
Generoso.

Querendo ou não doar
Passe adiante a mensagem
Para alguém se informar
E iluminar sua imagem.

André Anlub

sábado, 15 de outubro de 2011

EU ESTAVA AQUI



EU ESTAVA AQUI

Eu estava aqui
E sempre,
Sempre te amei
Eu estava aqui
Todos viram
Menos você
Eu estava aqui
E vivi por você
Eu te amei
Eu estava aqui
Todo o tempo
Te amando incondicionalmente
Sofrendo, por não ter você,
Dores insuportáveis
Que não sei como suportei
Mas mesmo assim
Eu estava aqui
Te amando
Sem me importar
Se todos diziam que não ia dar
Eu estava aqui
E te amei
Com todas as minhas forças
Até quando
Meu coração pôde aguentar
Eu estava aqui.

Gabriel:

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

SE AO MORRER EU CHORAR


SE AO MORRER EU CHORAR

Se ao morrer eu chorar
É choro de despedida
Ninguém precisa é orar
Cumpri meu ciclo de vida

Não é um choro de medo
De padecer no inferno
Pois aprendi desde cedo
Não há sofrimento eterno

Morrem comigo lembranças
Juntas na minha memória
Morrem também esperanças
Mas fica a minha história

Pois vivo deixo o ideal
Da liberdade da mente
E uma esperança real
Em forma de uma semente

De um mundo sem mentira
Sem medo e sem ilusão
Onde tenha fim a ira
E onde brote a razão

Onde se busque a verdade
Onde viceje a virtude
Onde a ética e a lealdade
Seja comum atitude

Onde se use a emoção
E todo nobre sentimento
Onde em todo coração
Se ponha fim ao tormento

Gerado por quem tem poder
E que cultua a avareza
Mas que não pode esconder
A sua humana pobreza

De desprezível egoísmo
De vã superioridade
De descarado cinismo
De pura mediocridade

Que hoje é admirado
E amanhã não mais será
Pois quem é ora enganado
Toda a verdade verá

E assim na humanidade
A nova aurora nascerá
E em paz com fraternidade
O novo mundo crescerá

LUCIANO S.F.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Voto Distrital: Solução ou preocupação?


Texto: Joseclei Nunes(@JosecleiNunes) e Fernando Colhado(@FuturoSociologo)
A reforma política tão esperada por todos no país, principalmente no que se trata diretamente de resolver um dos piores e mais antigos problemas encontrados no Brasil, a corrupção! Para tanto, o que se vê na política, e com grande intensidade, e em anos eleitorais, são os já conhecidos investimentos de empresas nas campanhas eleitorais! Com base nestas informações, há uma tentativa de resolver a questão com uma alternativa aparentemente eficaz. Através dessa reforma que tenta acabar com a corrupção dentro do país, surge um movimento com apoio de famosos, jornalistas e militantes pela mudança do sistema eleitoral do voto proporcional para o voto distrital, mas seria a forma mais certa de combater a corrupção?

Segundo o Wikipédia, o voto distrital é, na mídia e nos meios políticos brasileiros, sinônimo de sistema eleitoral de maioria simples. Esse é um sistema em que cada membro do parlamento é eleito individualmente nos limites geográficos de um distrito pela maioria dos votos. Para tanto, o país é dividido em determinado número de distritos eleitorais, normalmente com população semelhante entre si, cada qual elegendo um dos políticos que comporão o parlamento. Esse sistema eleitoral se contrasta com o voto proporcional, no qual a votação é feita para eleger múltiplos parlamentares proporcionalmente ao número total de votos recebido por um partido, por uma lista do partido ou por candidatos individualmente.

Desde 1988 se discute o voto distrital quando se fez o plebiscito do Parlamentarismo com simpatia de muitos políticos, porém não foi definido e até os tempos de hoje esse sistema ainda é debatido.

Como já disse o sociólogo e presidente da Vox Populli:


“No voto distrital é possível que quase a metade de uma região, Estado ou do País fique sem representação. E é certo que, para as minorias étnicas, religiosas, culturais, de gênero ou opinião, entre outras, seria quase impossível eleger deputados.” (Marcos Coimbra-Vox populi)

Uma das grandes desvantagens do voto distrital é o enfraquecimento das correntes minoritárias como grupos religiosos, étnicos e outros grupos, pois quem se beneficiaria com isso seriam os candidatos que defendam interesses gerais da população, mas vamos às contas.

E com isso a representação de trabalhadores e dos movimentos sociais no Congresso é nociva, numa visão elitista de que ali só comporta os pressupostos das classes dominantes, os representantes da grande burguesia (banqueiros, grandes empresários e latifundiários).

Numa previsão otimista, novamente saído de outro esdrúxulo "cálculo", vão dizer que com a nova fórmula, 35 sindicalistas não teriam sido eleitos em 2010, além disso, querem restringir a democracia e transformar o país num sistema bipartidário, antidemocrático, nos moldes dos EUA e Inglaterra. 

No ano passado, éramos 135,8 milhões de eleitores. Se fossem 513 distritos, a média seria de perto de 265 mil eleitores em cada um.

Em com voto distrital, a praxe é fazer essa conta, aplicando o princípio de “cada cabeça, um voto”. Quando são federativos (como os Estados Unidos), procura-se, no entanto, corrigir a eventual falta de representação dos Estados pequenos, assegurando que tenham ao menos um distrito.

Aplicando o princípio e supondo que ficaríamos com 513 distritos (pois seria pouco provável que a sociedade apoiasse o aumento do número de deputados), todos os Estados teriam sua representação diminuída, à exceção de São Paulo (onde ela quase dobraria).

Temos o um exemplo tirado de um artigo do Alberto Carlos Almeida do Valor Econômico:

Em um distrito britânico onde há três candidatos, um conservador, um trabalhista e um liberal-democrata, é comum que o candidato liberal-democrata fique na terceira posição em proporção de votos.

Somando-se todos os liberais - democratas que ficaram em terceiro lugar nos mais de 600 distritos britânicos, pode-se obter, por exemplo, que esse partido teve um total nacional de 10% dos votos

Porém, como esses 10% de votos não foram para nenhum candidato que ficou em primeiro lugar, foram desperdiçados, jogados no lixo, esses 10% de votos não elegeram deputado algum. Somente os liberais - democratas que ficaram em primeiro foram eleitos, mas, somando-se a votação nacional de todos os primeiros colocados desse partido, tem-se somente 6%

É por isso que o partido fica com 16% dos votos nacionais e somente 7% das cadeiras do parlamento. Isso jamais ocorre no nosso sistema eleitoral, que é o proporcional.

Foi assim que em 1983 os liberais - democratas britânicos tiveram 25,4% dos votos, mas somente 3,5% das cadeiras, um completo absurdo, uma completa falta de proporcionalidade, uma total injustiça distributiva quando se considera a relação entre votos e cadeiras. 

Em 1987 foram 22,6% dos votos que resultaram somente em 3,4% de cadeiras; em 1992 ocorreu que 17,8% dos votos foram traduzidos em somente 3,1% de assentos no parlamento. 

Em 1997 a injustiça foi menor, mas permaneceu: 16,7% dos votos os levaram a obter 7% de cadeiras. Daí para frente, a situação só fez piorar: em 2001, 18,3% dos votos resultaram em 7,9% de assentos parlamentares; em 2005, 22,1% dos votos conquistaram 9,6% das cadeiras, e em 2010 a situação foi ainda pior, quando 23% dos votos resultaram em somente 8,8% de cadeiras. 

Todos os lugares que adotam o voto distrital punem cruelmente o terceiro partido. Esqueça quarto partido, ele simplesmente não existe na prática.

Se o Brasil adotar o voto distrital, sobreviverão apenas três partidos, que provavelmente serão o PT, o PMDB e o PSDB, já que são os partidos com a maior bancada, sendo que depois um ficaria mais fraco futuramente e isso o país deixaria de ter um multipartidarismo e se tornaria [binário]. 

Enquanto isso os demais serão liquidados, extintos, aniquilados. 

Será justo com a liberdade de escolha que os partidos que defendem os direitos sociais, que lutam pelos trabalhadores outras causas, sejam extintos? Desta forma, com os exemplos citados, já se pode ter uma noção do quanto é nocivo se utilizar esta alternativa para a reforma política! Não queremos e nem podemos aceitar esta solução que, aparentemente, resolve a situação, quando na verdade, irá criar outros ainda piores!

Além disso, pelas questões de distritos, alguns Estados estariam na mão de verdadeiros bandidos, como o Rio de Janeiro, onde em boa parte da população vivem em comunidades sobre o comando de traficantes e milicianos, e com isso como em eleições anteriores, poderíamos ter candidatos ligados a esse tipo de bandidagem, porém, isso teria que ser bem analisado, sem falar também da bancada ruralista e dos setores empresariais, que vivem a travar qualquer lei que beneficie os trabalhadores. Com campanhas eleitorais majoritárias para deputados e vereadores, a representação desses setores (os ricos e milionários) vai aumentar substancialmente e consequentemente reduzir a bancada da representação popular.

Então, para ver apenas alguns detalhes, o voto distrital passa a ser interessante apenas para um grupo majoritário, onde eles levariam o país a um ponto de 2 escolhas e não várias, como temos hoje, porém movimentos deixariam de eleger seus candidatos, mais os lideres de uma comunidade que oprime uma comunidade passa a ter mais chances do que muitos bons políticos, e seria assim, o voto distrital poder diminuir a corrupção? Deixo essa para vocês.

Fontes:








quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Se for falar da Portela, hoje não vou terminar

Texto: Joseclei Nunes (@JosecleiNunes)

Tirando do trecho de um dos sambas de Monarco, onde deu inspiração a um dos sambas mais bonitos da Portela nesses últimos dez anos com enredo, E por falar de amor... Onde anda você?

“São vinte e uma estrelas que brilham em meu olhar,
Se for falar da Portela, não vou terminar.”

 Venho aqui falar da minha e de muitos que tem uma paixão por essa escola chamada Portela, com sua águia e seu pavilhão azul e branco.

   Nascida com o nome Vai como pode e depois em referência a estrada no bairro de Madureira e Oswaldo Cruz, surge umas das escolas mais tradicionais do carnaval carioca e que continua levando multidões até hoje. Uma escola que surgiu nomes comoPaulo da Portela, Jair do Cavaquinho, Tia Doca, Candeia, Zeca Pagodinho, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Marisa Monte, João Nogueira, Ary do Cavaco, Manacéia e entre outros, é quase impossível falar da Portela em apenas um artigo.

  Falar da Portela é quase falar da minha vida, pois lembro minha primeira vez que pisei na quadra, em 1993 com enredo Cerimônia de Casamento, mas a minha paixão só acendeu mesmo em 95 com Gosto que me Enrosco, com dez anos de idade.

  Campeã na primeira vez em 1935, Portela coleciona 21 títulos, com alguns recordes como sete vezes campeã seguida: 41 até 47 e a primeira escola levar 10 em todos os quesitos que aconteceu em 1953 com o enredo Seis Datas Magnas e muitas outras curiosidades que só a Portela tem.

   Mas quando se fala de Portela, também se fala de desfiles memoráveis. Desfile que mesmo não sendo campeã, são inesquecíveis.

   Apesar de não ter vivido essa época de glórias, tenho guardados sambas de desfiles memoráveis como 79 com o enredo Incrível, Fantástico e Extraordinário, onde a escola também levou o estandarte de ouro de melhor escola e samba-enredo, mas ficou apenas em terceiro lugar.

“Incrível! Fantástico! Extraordinário!
O talento de um povo
Que mantém acesa a chama da tradição
O carioca tem um "quê"
Sabe amar e viver
Ao dançar no salão ou no cordão
Trabalha de janeiro a janeiro
Em fevereiro cai na delícia da folia.”

    Em 1995, com o vice campeonato, onde a escola perdeu por apenas meio ponto, mas sempre esta na memória do portelense e de muitos que falam até hoje que é a campeã do povo. A escola vem com o enredo Gosto que me Enrosco, mais uma vez a escola leva os estandartes de ouro como melhor escola e melhor samba-enredo.

“Bate o bumbo, lá vem Zé Pereira
E faz Madureira de novo sonhar
A Portela não é brincadeira
Sacode a poeira, faz o povo delirar."

   Em 1992 com o enredo com o enredo Todo azul que o azul tem, um desfile memorável que colocou o pavilhão azul e branco na quinta posição, que faz muito portelense lembrar desse desfile:

Quero a alegria de um azulão
Sobrevoando o lindo azul do mar
Dei bilhete azul para a tristeza
Amor vem comigo sambar
Oh! Estrela, soberana triunfal
Cor de pedra preciosa
Traz a nobreza para o carnaval.”

  E também não podemos esquecer 98 e 2009.

  Em 98, depois de ficar fora dos desfiles das campeãs, a Portela novamente voltar mostrar um desfile digno de portelense, com enredo Olhos da noite onde ganha o estandarte de Ouro de melhor samba enredo e fica em quarto lugar.

“A noite, se vestiu de Azul e branco
Abril seu manto, com encanto e poesia
Seus olhos, são a luz do luar
Que ilumina a passarela, para a "Portela" passar.”

  E em 2009 como 95 e 2008, faz um desfile belo e técnico, que depois do resultado, muitas escolas achavam que a escola merecia o título, mas sem dúvida aquele ano era do Salgueiro. A escola vem com o enredo E por falar de amor... Onde anda você?, chegou a ficar em segundo até o último quesito, mas no final termina em terceiro.

“Oh! Majestade do Samba
Meu orgulho maior é tua bandeira
Chegou minha Portela! Meu eterno amor
A luz de Oswaldo Cruz e Madureira.”

  Esses são apenas alguns dos desfiles memoráveis onde a escola fez uma bela apresentação, mas não levou o título. Agora vamos falar de alguns onde a escola terminou campeã.

  Começamos por 84 com o enredo Contos de Areia, empatada com a Mangueira, perde apenas na decisão de sábado, foi também o primeiro ano no sambódromo e a escola vem falando de seus baluartes e contando a sua própria história.

“Bahia é um encanto a mais
Visão de aquarela
E no ABC dos Orixás
Oranian é Paulo da Portela
Um mundo azul e branco
O deus negro fez nascer
Paulo Benjamim de Oliveira
Fez esse mundo crescer (okê, okê).”

   Em 1980, com o enredo Hoje tem marmelada. Cheguei a ouvir de algumas partes da escola, que o enredo veio devido ao ano interior, onde a escola fizera um excelente desfile, mas não se consagrou campeã, mas 80, com certeza foi um dos desfiles mais belos que ouço falar, onde a escola se sagra campeã depois de 10 anos, mas empatada com Imperatriz e Beija-Flor.

“E nesse reino encantado
A arte se faz aplaudir
Me embala na rede do tempo
Feliz sonhador
Sou criança e vou sorrir
Arranco do peito um aplauso
E num abraço venho homenagear
Hoje a alegria do palhaço
Na tristeza dá um laço
E faz minha escola cantar.”

  E no fim 1970, com o enredo Lendas e mistérios da Amazônia. Um desfile épico, com um dos sambas mais belos de todos os tempos, a escola se consagra como campeã e chegou também a ser reeditado em 2004 em homenagem aos 20 anos do sambódromo, mas a escola fica apenas em sétimo lugar.

“Nesta avenida colorida
A Portela faz seu carnaval
Lendas e mistérios da Amazônia
Cantamos neste samba original
Dizem que os astros se amaram
E não puderam se casar.”

  É quase impossível falar de uma história tão rica como a Portela. Uma escola de samba de desfiles memoráveis, sendo algumas que não citei que até hoje se houve na quadra. Sambas como Das maravilhas do mar, fez-se esplendor de uma noite de 1981, Macunaíma, herói de nossa gente de 1975 e Ilu Ayê de 1972, além de belas músicas escritas por compositores como Foi um Rio que passou em minha vida de Paulinho da Viola e Portela na Avenida de Clara Nunes.

  Falar de Portela é isso. É amor, dedicação, Religião, família. Nos momentos de glória, nos momentos mais difíceis como em 2005, onde o enredo Nós podemos, oito idéias para mudar o mundo, onde o nosso patrimônio, a velha guarda, não entrou no desfile, nos momentos de apreensão na hora de deixar nosso maior símbolo a águia, bonita para desfilar.

  Falar de Portela, é para chorar quando entra na avenida, é para pular de alegria a cada dez e sempre manter a sua história, seu patrimônio, seus desfiles, seus compositores e toda sua família portelense, pois falar de Portela, não tem como terminar...