Visualizações

sábado, 28 de julho de 2012

AO VENTO


AO VENTO

Ao vento,
como palavra solta
ao acaso dos dias débeis,
a flâmula construída com restos
do tecido rasgado da minha veste surrada...

vai no sentido oposto
da consciência,
vai no mais enérgico
da hora trêmula.

É um pedido de trégua,
para suspiro de paz
na incongruência
desta vida.

É o aviso de breve
respirar profundo,
ajeitar de argumentos.

Juleni Andrade

INSUFICIENTES


Insuficientes

As palavras gritam dentro de mim
mas elas não me bastam
são fagulhas
são migalhas
não traduzem vastidões

mesmo que eu as entalhe
no tronco daquele cedro
que fique a palavra, o verso
por anos, mil anos ali

pronúncias ainda são pouco
prenúncios do que me preenche
sempre parecem pequenas
sucintas em demasia
diante do que se sente

são insuficientes
ineficientes, por assim ser
e essa ausência me angustia
pois não há como dizer
o que em mim grita feroz
o que ecoa noite e dia

é tarde, e eu nesta agonia
de querer falar o impossível
procurando uma palavra, um verso
que falem o indescritível

há de estar entalhado na alma
só por isto silencio
quem sabe assim eu entenda
as palavras que eu não digo.

Yvanna Oliveira

terça-feira, 24 de julho de 2012

Para Sylvia

Para Sylvia

Abra a porta e deixe a felicidade entrar
Conte à ela toda sua vida e suas histórias
Fale de suas amarguras e vitórias
Convide-a para um chá
Temos pão integral e frutas.


Que tal a deixarmos recitar um poema seu?
Fazer desse momento aquele que nunca se esqueça
Vamos Sylvia, então escolha você...
Assim, de repente, sumimos para além dessa redoma de vidro
Para longe de uma coação em sua cabeça.



Diga em voz alta, exponha o que lhe faz falta
Abram todos, todas as janelas
Se for repressão ou depressão...
Ainda não está fenecida.



Faça as pazes com a vida
Invente que escrever é sua mazela.



Coloque mais um prato na mesa
Mais lenha na lareira e ajeite a cama
A alegria quer ficar.



Sylvia, não se vá...
As letras já estão em prantos.



Todas as pessoas que foram seus sufrágios
Agora estão deitadas em posição fetal
Com olhos encharcados...



Olhando o além, com suas poesias em mãos
Vivenciando o quão a vida é fatal
Descobrindo que nem a morte é em vão.



André Anlub

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A FELICIDADE SUMIU?



A FELICIDADE SUMIU?  


Na corda bamba plantei minhas sementes
.Ver (quem sabe) se nasciam flores felizes.
Os grãos vacilando, secaram...  Descrentes.
Apenas as minhas dúvidas criaram raízes... 

Sem pena, continuei adubando o que havia.
Indecisão seguia engordando a olhos vistos.
Na falta de trigo, entre abrolhos o joio crescia.
Olho o mato de frutos tão imprecisos, desisto!

De costas aos dias indecisos pergunto ao céu:
A felicidade sumiu?Troaram enigmas, arcanos. 
No fim um ponto de interrogação foi meu troféu.
E essa terrinha nova que chegou por engano...

sábado, 14 de julho de 2012

DAS ANUÊNCIAS

Das Anuências

Sinto sua farsa, faca que tenta tocar-me.
Palavras pesadas - Cristais de gelo que se lapidam em pontas prontas, tontas, que se propõem a ferir e rasgar.

Da sua boca saem venenos, voz atroz que de momento visa matar.
Das ventanias que criam desavenças, em varias crenças que inventa, vive e usa para apoiar-se.
Seu desdouro levanta voo... Perde-se no espaço, sem rumo, sem leme e sem retorno.

Mas também sinto sua verdade, maquiagem que me faz mais belo
Olhares leves – plumas das mais raras aves, presenteando o mais talentoso poeta, que se propõem a inspirar.

Dos seus olhos saem paixão, veracidade.
Um grande mar, um lindo céu.
Puramente e tão somente a razão de um amar.

Desse misto de emoções, de perfeição e o avesso
Da vida, que você faz de adereço...
Quero fazer parte.

Quero rematar e ser completo
Quero o certeiro e o hipotético
O atlético e o peso morto
Quimera de seu seguro porto...

Só quero.

André Anlub