Ode a Sophia
I
Tão pequena pétala de rosa
Há de brilhar algum dia
No calabouço da ignorância
Quebrando correntes e grilhões
Saindo ao sol feito rainha
Dançando desnuda
Como fora concebida
Entre homens e fantasmas
Eternamente
II
Mas enquanto estás em cárcere
Divido contigo tua pena
E preso na escuridão te enxergo em partes
Escravo de minhas próprias limitações
Recito textos antigos para te acordar
Meditando nossa distância
Em meu coração
Eternamente
III
Extenuado por gritos alheios
Da multidão que não te entende
Acusam-me de bruxo
Por tua companhia
Mas me nego a te abandonar
Deixo a fogueira do mundo me queimar
Eternamente
IV
Do meu desejo faço tuas roupas
Quando deveria te ter nua em meu leito
De minhas lágrimas faço teu caminho
Caminho inútil dado o tamanho de nossa prisão
E de mim mesmo faço a água e pão
Que mata minha cede e fome
Mesmo sabendo eu que
Tu deverias me alimentar
Eternamente
Rogerio Murdoc, 7 de novembro de 2012.