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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

ODE A SOPHIA



Ode a Sophia

I

Tão pequena pétala de rosa

Há de brilhar algum dia

No calabouço da ignorância

Quebrando correntes e grilhões

Saindo ao sol feito rainha

Dançando desnuda

Como fora concebida

Entre homens e fantasmas

Eternamente

II

Mas enquanto estás em cárcere

Divido contigo tua pena

E preso na escuridão te enxergo em partes

Escravo de minhas próprias limitações

Recito textos antigos para te acordar

Meditando nossa distância

Em meu coração

Eternamente

III

Extenuado por gritos alheios

Da multidão que não te entende

Acusam-me de bruxo

Por tua companhia

Mas me nego a te abandonar

Deixo a fogueira do mundo me queimar

Eternamente

IV

Do meu desejo faço tuas roupas

Quando deveria te ter nua em meu leito

De minhas lágrimas faço teu caminho

Caminho inútil dado o tamanho de nossa prisão

E de mim mesmo faço a água e pão

Que mata minha cede e fome

Mesmo sabendo eu que

Tu deverias me alimentar

Eternamente


Rogerio Murdoc, 7 de novembro de 2012.