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segunda-feira, 23 de abril de 2012

VERSO VIVO



O temido verso da procela
Invade a alma, se agiganta
Sobe com fúria à garganta
E o meu corpo inteiro gela.

Velha sensação tão conhecida
Às vésperas já senti no peito a lança
Do hemisfério fúnebre das lembranças
Voltando aos poucos esvaecidas.

Torrão amargo, sinto-lhe o gosto
E na boca o bolo cresce
Insuportável e logo desce
Junto co'a taça do desgosto.

Veneno sutil, ineficaz
Erva importada de aromáticos brotos
De um mundo insólito, ignoto
Finge que é bom, mas bem não traz.

Verso terrível, verso da procela
Vivo! E o meu peito já quase morto
Respira ainda cheirando o mosto
Que a minha alma tanto anela.

Verso cruel dos mais sutis
Sempre a cavar notáveis poços
Até encontrar meus frios ossos
De frio tremendo. E ainda ris!?


Te imagino ainda tão formidável
As tuas linhas, o teu esboço
Adorno rico para o meu pescoço
Mas aperta à forca, inexorável.

Janete Roen


domingo, 22 de abril de 2012

Sem coração



Sem coração

Há quem diga
que ateus
são demônios
sem coração

o fazem tal se amor
fosse monopólio
de um deus
ou da religião

há quem pense
que heresia
é rumo da ovelha negra
ou da alma perdida
sem salvação

e obedece as regras
para a falta de vida
que brota onde falta razão.

Wasil Sacharuk

www.wasilsacharuk.com

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ENGANO



Fui mergulhar em teus olhos lhanos
Mas o amor cercou o destino
E o que era pra ser só um sonho profano
Pouco a pouco tornou-se divino.

Um devaneio da alma poeta
Viu nos teus olhos águas tranquilas
Mas veio a noite escura e tormenta
E o teu mar secou em areia e argila.

Quis voltar, porém, já não pude
Me perdi nesse mar dos teus olhos insanos
E hoje os ventos que sopram são rudes
Dos polos mais frios dos meus desenganos.

Janete Roen

domingo, 8 de abril de 2012

PS:

https://jornaldelfos.blogspot.com.br/2012/04/ps-longe-do-lugar-comum-te-vi-no-corpo.html
PS:

Longe do lugar comum
Te vi no corpo de um beija flor
Pairavas olhando para mim
Por sobre o campo de rosas...
Fiz poesias e prosas
Que sempre afastam minha dor.
Como em um mar bem calmo
Que boiam papiros de salmos...
Escritos, palavras de amor.

André Anlub

terça-feira, 3 de abril de 2012

A TAL DA EDUCAÇÃO

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A TAL DA EDUCAÇÃO

O que, na verdade, é educar?

Uns dizem que cultivar o espírito, como transformar as tábuas rasas em páginas pintadas a ouro. O maior tesouro será enterrado com seu dono. Já ouvi palavras proferidas por ilustres mestres da arte de instruir, ensinar. Pensei nos cães adestrados e nos domadores de leões, nos cavaleiros e seus cavalos e em vários rebanhos seguindo pastores... sem contar nos bois de piranhas.

A sociedade é algo que vive se transformando, com ela todas as instituições inseridas no contexto. A educação é a forma onde se molda o indivíduo. Somos cópias de modelos construídos nos padrões e ideais da determinada sociedade donde brotamos. Porém somos sementes da sociedade que virá. Daí, despertar as aptidões naturais do indivíduo é imprescindível.

Será impossível construir um mundo cheio de indivíduos desiguais, em habilidades e conceitos, e ao mesmo tempo haver paridade de valores? Ou será necessário destruir afeições, ditas inúteis, para poder valorizar o que é “realmente” importante?

Há uma ideia de comparação, medição mesmo, entre as sociedades contemporâneas. Somos números formatados em planilhas e gráficos; nossos ossos e ofícios seguem o rumo das tabelas coloridas estampadas nos relatórios elaborados por órgãos supranacionais.

Talvez se houvesse um compromisso individual para com a satisfação, o conjunto pudesse desfilar com mais harmonia. A motivação e o incentivo são as bases do aprender bem. Assim, os profissionais da educação, que muitas vezes lá estão por total falta de opção, pudessem ver em seus trabalhos algo mais que cumprir programa. Salário? É fato que boa remuneração ajuda, não só aos professores.
As famílias estão preocupadas como o futuro de seus filhos? Algumas precisam garantir o presente, algumas já estão com o hoje perdido. Filho lavrador, filho servente de pedreiro, filho médico, filho policial, filho professor... ou filho artilheiro do Brasileirão? Questão de aspirações, questão de sonhos, questão de propaganda comercial.

A saúde anda péssima, há séculos. A educação caminha sem rumo, há séculos. A insegurança é constante, há milênios. A vida é dura desde da época das primeiras células de vidas sobre a Terra. Então, a emoção contagiante do sucesso do futebol, é constatação da necessidade do entretenimento na vida humana ( vide o mundo).

Podemos observar os reflexos da educação equivocada quando assistimos os tumultos violentos causados por revanchismos entre torcidas organizadas ( ou não) de times de futebol. O pior, isso acontece até nos países de “alto nível educacional”. A educação mensurada pelos órgãos competentes levam em conta apenas a média de aproveitamento em alguns poucos quesitos.

Qual é a tal educação necessária? Por que há a desvalorização do profissional de ensino ( ensino, pois educação é outra coisa que não há ainda)? Há luz no fim do túnel? Tal luz vem de energia limpa?

Desse modo, seguimos. E seguimos cheios de esperança no futuro do planeta cheio de lixo, vagando pela Via Láctea cheia de lixo, no universo em expansão ou retração, surgido da física ou criado por algum ser divino. 

Divino mesmo, é aquele golaço do tal melhor jogador do mundo.

Juleni Andrade

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Encontro


O Encontro

Uma luz de um brilho forte
Meu coração em grande doação
Puro e verdadeiro me dei e ainda posso me dar mais
Quero seu amor... Peço sempre em oração.

Dizem que é impossível, pois já desencarnou
Mas ainda sinto forte sua presença
Depois da morte não sei para onde vou
Quero acreditar ainda mais na sua crença.

Pegarei a caneta, tente falar comigo
Um murmúrio ou um sinal... Qualquer coisa então
Cansei de banhar as folhas com meu pranto
Lágrimas e arrepios de ocasião.

Quero me ir para ver se lhe encontro
Vale o risco... Nesse caso nada é em vão.

Tomaria veneno e um quilo de calmante
Só para lhe ver chegando como um sonho bom.

André Anlub
(Singela homenagem ao grande Chico Xavier no dia que completaria 102 anos)

domingo, 1 de abril de 2012

Sétimo

Sétimo

Dos rústicos sentidos
desde os despertos
aos adormecidos
há um sétimo
tão cáustico
e drástico
do qual eu não sei

sou apenas humano
portanto, uma lástima
tal como os outros
para servir de consolo
vivo de enganos
e estou sujeitos às leis
dos tolos

algum sentido me faz absorto
em tom grave circunflexo
entre insights desconexos
penso falar com os mortos
monologar a minha loucura

palavras surgem obscuras
não sei se são híbridas
sequer se são puras
provém dos desígnios da noite
e relatos de bruxas

desfilam versos sem roupa
na poesia mais tímida
ou na prosa mais dura
na dor do sétimo açoite
a cortar o dorso da lua

ouço pitonisas loucas
reescrevendo o curso da vida
com promessas de cura
com mensagens urgentes
e nuas

(o sétimo carece sentido)

se solta um grito retido
que suplica pelo lume
ou qualquer sabedoria
serão apenas queixumes
no hades da poesia.

Wasil Sacharuk