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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

MAL DE AMOR

MAL DE AMOR

O amor é como a brisa das manhãs douradas,
que chega de surpresa, a refrescar o dia.
O mundo fica belo, as nuvens perfumadas,
e o tempo perde tempo, aos olhos da alegria.

O amor é como a chuva fria nas calçadas,
que chega em tempestade, dor, melancolia.
O mundo fica cinza, as luas deformadas,
e o tempo pesa mais que a lágrima tardia.

O mal de amor é fogo, é ar, é terra e é água,
que juntos se modelam, esculpindo a mágoa,
mas quem pode viver sem essa flor letal?...

Que venham elementos, venha a natureza,
os ventos da paixão, os beijos e a certeza:
amar faz tanto bem, que chega a fazer mal.

Lílian Maial Nathan de Castro

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domingo, 23 de janeiro de 2011

VOCÊ É UM PECADOR

VOCÊ É UM PECADOR

Curvar-me, desorientar-me
É tudo a mesma coisa pra mim
Olhe toda esta conversa inútil

Você está vivendo sobre a linha de um sonho
Nada, é a única coisa que você vai conseguir tirar de mim

Você olha para mim
Mas você não vê
Entenda que eu sou um pecador

Olhe para todas essas pessoas na minha frente
Levantem as mãos, vocês são uns pecadores

Não me acuse.
Não me censure
É isto tudo que você queria

GABRIELA
Mais textos da autora: http://moments-letme.blogspot.com/

POR QUE DORMIMOS NAS IGREJAS E SOMOS INDUZIDOS A PREFERIR FALAR DE SEXO?

POR QUE DORMIMOS NAS IGREJAS E SOMOS INDUZIDOS A PREFERIR FALAR DE SEXO?

Somos todos convidados a dormir nas igrejas pelos simples fatos que por lá, se diz muito, se explica pouco e os dogmas transformam, sem muitas dificuldades, as mensagens bíblicas, atemporais, em discursos rotineiros e enfadonhos que condenam e nos fazem assumir culpas que não temos.

Se estendermos as discussões para outros patamares, temos a mercantilização das interpretações daquilo que se chama de palavra de Deus, a espetacularização das homílias que desfocam e fortalecem o marketing de hoje, pequena empresa, no futuro, grande negócio. Se não bastasse tudo, a síndrome da prosperidade pentecostal salvacionista, ou seja, siga as dicas ditatoriais, disfarçadas de livre arbítrio, doe de coração e prospere.

A preferência quase que unânime das pessoas por sexo ou coisas ditas mundanas do que pelos bordões do tipo, a Bíblia disse, que as Igrejas impõem, está intimamente associada à maneira jesuítica punitiva que aprendemos a lidar com o corpo. É mais do que sabido, que as pulsões sexuais são da nossa natureza animal e como animais “racionais” que somos, deveríamos conviver naturalmente com elas. Porém, este impasse de naturalidade e culpa, nos faz mal resolvidos, logo as preferências esbarram no proibido é mais gostoso. A hipocrisia moral da proibição tem como válvula de escape a promiscuidade, a pornografia indireta e direta e os discursos moralistas.

Em meio tudo, nos resta uma reflexão, se dormimos ou não nas igrejas e somos induzidos ou não a preferir falar de sexo, o que realmente importa é a coerência entre discurso e prática muito bem cantada poeticamente por Fernando Anitelli, Teatro Mágico: “Errado é aquele que fala correto e não vive o que diz- Zazulejo”.


Kildery Amorim Maciel
22/01/2010

Mais textos do autor em: http://kilderymaciel.blogspot.com/

sábado, 22 de janeiro de 2011

O LOUCO E O CEGO


O LOUCO E O CEGO

Vai levando a tua vida
Como que fosse normal
Abraçando o leviano
Pra fugir de todo mal

Que escurece os pensamentos
E te deixam muito triste,
Porque pensas nos momentos
Mais felizes que tu viste,

Que viveste e que sentiste
Ao lado do grande amor,
Pois agora não resiste
A incruenta e dura dor;

Pra fugir de todo estresse
Semanal e cansativo:
É que o novo te apetece
Na importância de estar vivo;

Pra fugir de todo monstro
Que destrói o teu pensar:
É melhor o falso riso,
Quem te engana só olhar.

Tu te engodas coração,
Desviando o pensamento
pra quem te paga a bebida
e quem te dá um momento

longe de teu sentimento
magoado e comprimido,
afinal há muito tempo
para ele tu tens vivido.

Hoje tu não queres mais
E procuras te esconder,
mas jurando, “tinha paz
quando sabia viver.”

Sei que não vais encontrar
Neste mundo tão imenso
Um alguém que nas minúcias
Foi fiel, amigo, intenso,

Companheiro, pajem, forte,
Nas campanas – atalaia,
Teu esteio quando a Morte
Te puxava pela saia,

O teu ombro quando a dor
Te fazia lacrimar,
Teu amor ameno e cândido
Nas noitadas de luar...

Eu espero que num dia,
Dentro de teu coração,
Deixe toda covardia
Para dar-me o teu perdão.

CAIRO

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A LETRA E A SERPENTE

A LETRA E A SERPENTE

Se Narciso se encontra com Narciso
e um deles finge
que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira ( ...)

("Narciso e Narciso"- Ferreira Gullar, Do livro: "Barulhos".)

Eis que hoje de mim mesma fui senhora,
assim, tão tolamente que assustei!
Olhava-me no espelho como outrora,
num lapso, fui-me vendo, me espreitei

de um jeito que jamais havia feito.
Havia um brilho extra e eu era aquela,
a outra, a estranha - nunca a vi direito -
que sempre esteve lá, como a aquarela

que prende-se à parede e então se esquece,
e todo mundo a vê e se acostuma.
Mas eis que hoje as duas, feito um “esse”,

serpentearam-se e se confundiram.
Sou ambas, esse “esse” e essa serpente
as metaforizaram e se viram...

MAGMAH
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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

CERVEJA QUENTE

CERVEJA QUENTE

Cerveja quente
Não Adianta correr, pra tentar alcançar
É uma vida sem fim de alguém tão solitário
Mais ainda tentando conseguir algo.

O lago da estupidez é profundo
Quem não souber nadar que se afogue
A loteria te chama para o casamento
Mas mesmo assim insisto em tomar outro trago

Encontro alguém que não mexe com nada
Acabe com o mundo mais não perturbe minha paz
Continuo com esse vazio, que mexe com minha alma
E esvazia meus copos

Noite após noite os planos são traçados
Dormindo feito um cordeiro, pronto para o abate
Contentando-se com diamantes falsos e máscaras de carnaval

Os olhos do oráculo não vão mais brilhar
A cerveja passa a ter um gosto cada vez mais agradável
E o fim ainda esta longe!

GREGORYAN

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

SORVER-TE

SORVER-TE

A língua gelada
lambe calma
o sumo quente

a boca gélida
morde o rígido
incontinente

derrete a brasa
escorre a calda
na língua cálida
na noite quente.

Yvanna Oliveira

domingo, 16 de janeiro de 2011

AO ATEU

AO ATEU

certa vez o padre veio dizer
para eu aprender a rezar
eu comecei pela avemaria
e dei com a cabeça no congá.

depois o pastor gritou
do inimigo que acabara de entrar
apertou minha cabeça
quase chamei por Alá

n’outro dia fui à mesquita
achei que deveria adentrar
mas o amigo me convenceu
levar flores para Iemanjá

ouvi uns falares hinduístas
quase acreditei no blablablá
porém, o querido analista
aconselhou que fosse viajar

de tanto com os burros n’água dar
recitei uma porção de mantras
sem medo bebi o santo chá
o que não atrapalha adianta?

consultei horóscopo chinês
fiz mapa astral e quiromancia
fui aos templos de Buda e senegalês
mais a dúvida em mim crescia

decidi acabar com o problema
em mim mesmo ter mais fé
fazer meu próprio esquema
da vida viver o que vier

JULENI ANDRADE
Veja mais da autora em:

sábado, 15 de janeiro de 2011

DESEJO

DESEJO

No interpenetrar dos nossos olhos...
Adivinho teu desejo de me desbravar as entranhas.
Entre calafrios, espero por esse momento...
O saciar da nossa paixão é assim, lento...

Vou sorvendo teu meio sorriso,
Me olhas com fogo e doçura.
Tua boca denuncia um misto de fome e candura.
É doce e alucinante pressagiar a nossa loucura...

Agora tuas mãos experientes...
Expressam vontades urgentes...
Meu corpo é uma flor de pétalas orvalhadas...
Desabrocho! Planta carnívora, te prendo em mim.
Exalo perfume e te sinto um beija-flor...
Ah... É assim que contigo eu faço amor.

DIRCE LUCIA
Mais textos da autora em: http://lupoesia.vilabol.uol.com.br/

O PRESENTE DE NATAL


O PRESENTE DE NATAL


Embrulhou
o estômago...

Os sinos dobram,
o colorido das luzes ofuscam o esgoto a céu aberto.

As árvores, enfeitadas de belas bolas, embolam a visão.
O mito segue, a caravana de renas passa, o presépio sobrevive,

a sacolinha corre,
crianças morrem,
a seca resseca o viço...

Embrulhou
o estômago... toda fartura de hipocrisia natalina.

Quero um presente melhor e um futuro com menos ladainha e mais justiça.


JULENI ANDRADE
Mais textos da poetisa no blog: http://juleniandradepoemas.blogspot.com/

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O POETA E A LOBOTOMIA

https://jornaldelfos.blogspot.com.br/2011/01/o-poeta-e-lobotomia.html
O POETA E A LOBOTOMIA

Eu a conhecera há uns bons cinco anos. Manuela. Eu sempre a via com seus amigos no Bar Brahma, da São João. Descoladíssima, o tempo me fez presenciar altos porres daquela figura, que tal Rebordosa se chafurdava em mares de vodka Smirnoff.

Por vezes eu dava a sorte ao flagrá-la sozinha, então ia até ela e arriscava trocar umas idéias. Geralmente eu ria bastante principalmente quando ela estava "alta" e me divertia com suas maluquices e seu jeito paulistano de falar “pô meu! Se liga figura! Porra cara!” eram seus chavões lingüísticos prediletos. Porém há coisa de mais de ano nunca mais eu a vira e até soubera por um dos seus amigos que ela entrara num sério tratamento psiquiátrico. “Coisas de nervos” Ele me disse.
Portanto fora com imensa felicidade que a encontrei na semana passada, sozinha, na mesma mesa e a vodka de sempre. Dessa feita o papo foi louquíssimo, o que me fez supor que ela não estivesse totalmente recuperada, ou, quem sabe fosse eu quem estivesse com seríssimos problemas mentais. Ah sim! Não poderia esquecer de mencionar o fato que ela idolatrava Geraldo Vandré num fanatismo tão exacerbado que tratava a todos, sem distinção de credo, da raça ou cor, pela alcunha de Geraldo ou Vandré.

E assim lá estávamos nós nesse reencontro que teimava celebrar a sanidade, referendando-nos com mútuas palavras de carinho para depois nos emaranharmos na deliciosa fatalidade do abraço fraterno.

-Vandré, me diga, tem visto a Luiza? – Ela perguntava sobre uma amiga nossa em comum.

-Não sei Manuela! Faz um tempaço que não a vejo por aqui. Unicamente sei dos caroços de abacates que engulo. E juro; gostaria de saber fazer deles poesia - Brinquei.

-Ah, é mesmo! Quase sempre que me esqueço que és poeta. Eu adoraria ser poetisa. Porém, reles mortal, infelizmente não tenho a mesma percepção e sensibilidade de vocês, a casta nobre, e porque não dizer; bando de vagal!
Talvez ela estivesse com a razão; fazia mais de 7 anos que eu não sabia o que era ter carteira assinada. Independente da realidade dos fatos, aquilo de certa forma me espezinhou e eu fui ao revide:

-Bem..Veja, não está notando, mas... Nem sempre aquilo que os olhos vêem
é o que a mente estratifica É jovem, bonita, mas talvez não tenha talento. Provavelmente não percebe que a poesia nada mais é que o processo da vida, a capacidade à introspecção, ao interior, o âmago. Portanto, quem é poeta não precisa descer pelos elevadores de cabines laminadas de um envidraçado edifício de executivos.

-Sim, mas... - Ela tentou argumentar

-Mas, nada! - A interrompi - Será que você não andou sofrendo algum processo de lobotomia? - Finalizei. Ela me olhou atônita.

-Geraldo do que fala o poeta Vandré? - Ela questionava de sua entidade favorita - Tu deverias ser compositor de MPB e jamais um poeta! Afinal, que porra de papo é esse meu... estudioso?

.-Ah, bobagem minha, Manuela! Apenas tento seguir a canção que bem poderia falar das flores. Porém, como o que faço é poesia, canções não há nelas não! O que minha poesia tenta encontrar e é a rima certa, o sentimento exato! Por exemplo, peguemos isso do que estamos falando... Lobotomia.

Arrependi-me de ter sugerido ao pensar com meus botões; que porra de papo era aquele? - Tarde demais! Agora, realmente, ela parecia interessada em saber o que era lobotomia.

-Sim, Vandré! Mas... desde que eu saiba o que é isso. Tudo está muito confuso! Se explique, homem. O que é exatamente essa porra de... lobotomia?

-Ta bom, Manuela! - Fiz uma pausa e segui - Eu não tenho a mais absoluta certeza, mas, lobotomia é o processo onde após a cirurgia no cérebro o consciente é parcialmente apagado e você perde muito dos registros. Então você começa ter idéias fixas, crer em coisas que a todos pareçam inviáveis. Por exemplo, seria o mesmo que acreditar que em poesia abacate rima com Luzia. Evidente, haverá quem aceite a possibilidade, mas, sinceramente?
-Continuei - Seria pura idolatria de leitor que tudo consente aos seus autores favoritos. Ou seja; o leitor vai comer da mesma merda que eles comem, porém fará cara de satisfeito e dirá que comeu caviar.

-Porra, Vandré! Isso ta me parecendo uma sessão com doutor Maurício, o meu terapeuta! Claro, sem aquele aparato técnico, é lógico, mas...parece - Ela respondeu com feição compenetrada

Como eu tinha opinião toda própria e não tão favorável aos profissionais que transitam nessa área, :intervi

-Sim, mas veja, Manuela. Poetas que somos e que nada entendemos de psicologia , estamos anos-luz das poltronas dos terapeutas que, dum reles gato que mia querem nos fazer crer que há ali algum evento importante... - Não era o gato que miava e sim o leão que rugia – Eles irão alardear. E isso fora os valores absurdos cobrados pelas sesso...

-Vandré? - Ela interferiu, sorrindo.

-Sim Manuela!

-Então o sentido de lobotomia é mais ou menos esse? – Ela perguntou com olhos cravados em mim.

-Sim, acredito que é mais ou menos por aí – Confirmei. Momentaneamente seus olhos ganharam a rua ela se ateve ao movimento das pessoas e aos carros que passavam. Depois voltou-se para mim.

-Caracas! Eu vi num vídeo e até hoje não entendo como os “olivas” em plena ditadura deixaram o Geraldo Vandré cantar” Pra não dizer que no falei das flores” num daqueles festivais da Record. Foi um chute nos cornos do sistema!

-Como, Manuela? – Me surpreendi

Jesus! que versatilidade! num piscar de olhos transformara a nossa conversa de alho, para bugalho.

-Como assim, ó Vandré! Calibre os ouvidos para me escutar cristalinamente - Ela replicou avançando o par de seios por sobre a mesa - Eu quero mais é que os psiquiatras, a ditadura e essa tal da lobotomia vão à puta que pariu! –

Quem a ouvisse suporia que la estavam dois lunáticos revolucionários sussurrando contra o governo´ou uma classe médica específica. Depois gargalhou escachada e socou levemente o tampo da mesa.

"Bem feito, Vandré!" Disse para mim já que mereci aquilo. E ela tinha razão já que vez ou outra nós os poetas insistíamos em conversas que eram verdadeiros pés no saco.

“...Caminhando e cantando e seguindo a canção. Somos todos iguais braços dados ou não...”

Ela cantou baixinho remexendo o copo de vodka e fazendo o gelo girar enquanto me olhava através dele. Repentinamente Manuela da um salto da cadeira e exclama a pergunta:

- Cara, me diz uma coisa! Geraldo rima com Vandré?

Eu a olhei surpreso. Definitivamente, ela era .louquíssima.

-Rima! – Fui esperto; Confirmei

Talvez a relação de Manuela no tocante à Geraldo Vandré fosse um exemplo bem próximo da lobotomização. Provavelmente ela não veria nada nesse mundo que fosse aquém e nem além de Geraldo Vandré. E ela dera sorte. Poderia ter sido muito pior; Paulo Coelho, por exemplo.

Ah, lobotomia, lobotomia... Oras! Quem queria saber dela?m método tão arcaico que a medicina desistira dela, a psicologia não queria nem ouvir falar. Certamente nem mesmo os abacates e a tal da Luzia quereriam conhecer a tal lobotomia . E pra falar a verdade, nem eu mesmo sabia ao certo do que e porque estava falando dela.

Olhei para Manuela e ela estava especialmente linda naquela noite; vestia uma justa calça de jeans, branca e que combinava espetacularmente com sua blusa decotada e o par de seios 46. No rosto de nenhuma maquiagem seus olhos cintilavam que nem cometas triscando as noites de esperanças e de lua cheia.
E eu achei tão magico o momento que fiz levantar o meu copo num brinde.

-A Manuela! - Sorri.

“Vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer” - Cantei e logo fui seguido por ela, num duo desafinado e quase ao sussúrro.

Terminado, Manuela piscou pra mim e tragou com vontade a sua dose de vodka como nos velhos e bons tempos. Era uma pena, mas....eu estava muito velho pra ela.
Talvez há cinco anos as minhas chances fossem melhores.

#VéioChina
Copirraiti, 2011 Jan

Para conhecer mais do amigo Véio China (in memoriam), acesse o link: http://poesiasdoveiochina.blogspot.com.br

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A terra que Tudo pode e nada é proibido



Em algum lugar ou lugar algum existe a terra do Tudo pode e nada é proibido. Lá, aos que chegam lhe é assegurado o desfrute de ser como se quer e como se pode, e aos que já estão a dura sina de continuar a ser ou simplesmente fingir ser o que não é. Nessa terra, vive o Bobo bondoso, o Franco, o Cala e consente, porém, dois habitantes tem destaque, os irmãos siameses: Mau Caráter e Inconsequente. O Mau Caráter e o Inconsequente revezam os dias em ludibriar o Bobo bondoso, dono de uma risada larga e sorriso bajulador; irritar o Franco em sua astuta hipocrisia e síndrome de coitadinho; além de ter de Cala e consente a cumplicidade inconsciente para as inconsequências e contradições.

No alvorecer dos jardins de Tudo Pode e nada é proibido, Mau caráter e Inconsequente desfilam com descontração, simpatia e bajulações. Bobo Bondoso, por um curto período da vida, esteve imune às suas investidas, porém Cala e Consente esteve por mais tempo vulnerável e cego ao óbvio. Franco, escaldado de outras experiências e de outros lugares, nunca se deixou levar, porém se permitiu conviver para depois concluir o que era inevitável.

Na terra do Tudo Pode e nada é proibido, esporadicamente, encontrávamos Narciso de Saias, Olímpico NBA e o Huno. Narciso de Saia, por ser vaidoso, gostava de ocupar o centro das atenções, além de que, entre outras coisas, adorava explorar a boa vontade de Olímpico NBA. Olímpico NBA por medo de perder o afeto de Narciso de Saia submete sua vida aos seus abusos. Huno de tão bom foi ruim para consigo. Embriagado pelas astúcias dos irmãos siameses, frustrou suas expectativas para o futuro, além do inevitável, sofreu. Trocado por um instante volúvel compadeceu e preservou o que nunca existiu, a amizade.

Meio a tudo, Franco que, de tão sincero, inconveniências e maus entendimentos provocou, por anos colheu subsídios e provas, porém nunca foi compreendido e justiçado. Como os outros se embriagou, mas, diferentemente, não deixou a aparência e o falso prazer de ouvir o que se quer lhe ludibriar.
No transcorrer de um tempo atemporal e passivo às efemeridades e anacronismos, surge um novo personagem, o Estrangeiro Daqui. Estrangeiro Daqui, com a sua prudência e coerência, encantou o Bobo Bondoso que de muitas cavernas saiu e do óbvio extraiu ensinamentos. Franco, embora desgastado e desacreditado, encontrou em Estrangeiro Daqui um companheiro de angústias e convicções. Cala e Consente, diante das novas e sempre velhas observações de Franco e das intervenções inteligentes do Estrangeiro Daqui, despertou do sono e se emancipou das astúcias dos irmãos siameses, Mau Caráter e Inconsequente.

Embora desmascarados e excluídos, os irmãos siameses buscam em outros reinos desfilar as suas inconsequências e má fé para com os outros. Perdidos e sem vítimas em Tudo pode e nada é proibido, Mau caráter e Inconsequente desfilam pelo alvorecer dos jardins isolados e restritos a comprimentos mecânicos. Cobertos pelo manto da hipocrisia, escondem a sua personalidade má e suas futuras investidas em prejuízo dos outros.

Com tudo, a vida em Tudo pode e nada é proibido continua, os seus personagens vão e vem interagindo e se isolando, porém desfrutando de experiências que proporcionarão, no futuro, uma maior perspicácia e sabedoria quanto ao certo a se fazer.

Kildery Amorim Maciel
(Professor de História e Poeta)
Veja também o blog: http://kilderymaciel.blogspot.com/
KILDEY AMORIM MACIEL