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terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A PRINCESINHA DA SERRA


Nesta terra tudo é paz
Tudo é serenidade
Aqui sussurram as matas
Também cantam as cascatas
Tudo é tranquilidade

Aqui se faz poesia
Quem se lembra
Quem se lembra
Da Professora Duquinha?

“ Pacoti! Pacoti!
Encontrei em tuas verdes colinas
Pacoti! Pacoti!
Em tuas fontes azuis, cristalinas
O feliz segredo
De te amar sem medo
Pacoti! Pacoti!
Que ventura, então, eu senti!

Inda bem criança
Eu tinha esperança
De crescer contigo
No teu seio amigo
Quantos sonhos infantis
E castelos juvenis!

Pacoti! Pacoti!
Tuas flores inspiram ternura
Pacoti! Pacoti!
Minha terra tão boa e tão pura!
Quanto eu já sofri
Bem longe de ti
Pacoti! Pacoti!
Que saudade infinita de ti!

Pacoti, não sei mais
Viver longe dos carinhos teus
Pacoti, por favor,
Dá-me, dá-me o teu solo por Deus!”

De sítio que era Pendência
Passou a Vila de Pacoti
Município e também o Rio
Que na linguagem tupi
É “voltado para o mar”
Também Rio das pacovas
Ou rio das bananeiras
Ou ainda entendido
Por Lagoa das cotias.

É a cidade-esperança
Dos paus d’arco e das boninas
A Princesinha da Serra
Onde o azul do céu se encontra
Com o verde das colinas
E onde a lua prateia
Da noite o escuro véu

No piano Ir. Teixeira
Ensinando a cantar:
_“Prateia a serra
Tudo prateia
O luar branco
De minha aldeia
Prateia a serra
Tudo prateia
O luar branco
De minha aldeia
O luar branco
De minha aldeia!

Em minha terra
Quando a Lua sobe a serra
A saudade se descerra
Dos confins do coração
A Natureza fica muda, fica presa
Elevada na beleza
Do luar do meu sertão

Prateia a serra...

Pela calada de uma noite enluarada
O magote da boiada
Fica olhando para o céu
Se o vá queiro vem subindo pelo outeiro
Vendo a Lua, sorrateiro,
Ergue a mão, tira o chapéu.

Prateia a serra...

Lá na campina
Quando a Lua se reclina
Geme a pomba, a sururina
Canta e geme o pecuá
Nas bananeiras cantam rolas cantadeiras
Lá no topo das palmeiras
Assobia o sabiá.

Prateia a serra...

Em minha aldeia
Quando brilha a Lua cheia
O maturo sapateia
No requebro do baião
E ao som do pinho
Da viola e cavaquinho
Tudo baila à luz do pinho
Do luar do meu sertão.

Prateia a serra....”

Pacoti dos tempos antigos
Lembra os engenhos
E os verdes canaviais
Que forneciam trabalho
Gerando grandes riquezas
Nos sítios pela destreza
Dos trabalhadores rurais.
Enriquecia o patrão
E trabalhava conformado
O humilde morador
Que obedecia, passivo,
Às ordens do seu senhor.

Terra dos velhos rodeiros
E floridos cafezais
Hoje é o Rei do chuchu
É a terra da banana
Linda cidade serrana
Berço dos nossos ancestrais.

A canção da Pastorinha
Ensinada por Duquinha
Valorizando a cultura
Abrilhantava os festivais:

“Subindo serras, desço ladeiras
Entre as estradas do cafezal
Colho as cerejas rubras, fagueiras
Do meu café, produção rural
Sou bem feliz na minha colheita
Porque o trabalho me dá vigor
E assim a vida corre perfeita
Entre o trabalho e um casto amor.

Minha avozinha que fica em casa
Reza por mim uma oração
No meu lutar me recordo dela
Minha avozinha do coração
Ela me ensina todas as noites
Que devo amar minha Mãe do Céu
E que a pureza de corpo e alma
Para uma jovem é o maior troféu”

Pacoti feito um jardim
De belezas naturais
Cultiva frutas, verduras
Zela seus mananciais
Produz riquezas diversas
E caminha, soberana
Desenvolvendo a Cultura
Resgatando seus valores
Artísticos e tradicionais.

Cidade dos meus sonhos
Cidade dos meus amores
Ainda te vi criança
Semeando esperança
Toda enfeitada de flores.

Berço da minha inocência
No tempo em que bem-te-quis
Do passado restam lembranças
Dos meus sonhos infantis.

Rosimar Brito

PACOTI DO MEU TEMPO


Terra virgem – índio ao longe
Terra boa - índio chegando
Terra da gente – índio ficando
Nossa terra – índio habitando
Boa terra – índio feliz
Linda serra – índio vivendo
Pacas na serra – índio caçando
Água cristalina – índio pescando
Água na serra – boa pra vida

Rio das cotias
Rio das pacovas
Ou das bananeiras
O rio é grande – bom pra nadar
Rio bonito – voltado pro mar

Mata verde – pássaros cantando
Mata virgem – animais brincando
Mata grande – índio festejando
Vida na mata – liberdade
Vida no rio – prosperidade
Serra verdadeira – legitimidade.

Terra linda! – estranho chegando
Terra boa! – estranho ficando
Terra hospitaleira – estranho morando
Minha terra – branco expulsando
Terra minha! – índio lutando
Terra do índio – branco explorando
Terra invadida – índio morrendo
Terra minha – mestiço formando
Terra nossa – escravo chegando

Filho da terra – índio fugiu
Dono da terra – índio morreu
Filho do índio desapareceu
Filho do branco e do negro nasceu
Dono da terra o mestiço ficou
Filho da terra a verdade ocultou
E o filho do filho a História esqueceu.

E a Terra, mãe adotiva, virou povoado
Produziu café, cana de açúcar
E outras culturas
Pelas mãos calejadas
Do trabalhador rural

Nasceu a violência
E fundaram, então,
Um Distrito Policial
No Sítio Pendência.
Construiu-se a Igreja
Vila
Município
Distrito
Cidade
Pacoti, será esta a tua história
Ou será outra a tua VERDADE?



Rosimar Brito

REVISÃO


Abra, outra vez,
As cortinas:
Marcas
Poesia
Momentos
Semente
Mosaico
Silêncio...
Em momentos especiais
O silêncio diz tudo.
Este momento é especial
ESCUTE
O
MEU
SILÊNCIO...

Rosimar Brito

ÚLTIMO ATO


Quando cair o pano
E o teatro me fechar
A última porta,
Não quero ouvir aplausos
Porque estarei
Encenando outra peça
Do outro lado do palco.
O espetáculo continua
Além da vida
Apesar da dor
E do desamor.

Rosimar Brito

ARTE VIVA


Poeta
Não
Tem

Disciplina.
Escrevo
Quando
As
Palavras
Me
Insultam.

Rosimar Brito

AVISO


Se em silêncio eu me for
E se tempo eu não tiver
Para dizer-te adeus
Antes de ir me encontrar com Deus
Diga ao mundo
A causa da minha dor
Mas não conte, por favor,
A ninguém, a ninguém mesmo,
O meu segredo de amor.

Não é por mim,
Nem por ti
Mas por quem, de fato, amei
Que te peço, confiante,
Não deixe que ninguém saiba
Do amor que te segredei.

Mas se por acaso tiveres
De jurar frente ao juiz
Que falarás a verdade
Do amor que te revelei
Na confissão que te fiz
Diga a todos que esse amor
Fez-me viajar feliz
Rumo à eternidade.

Meu destino eu escolhi
E muito, muito aprendi
Não me arrependo de nada
Do que ganhei ou perdi.

Rosimar Brito

VIAGEM


Quando chegar a hora do adeus
Não sei qual de nós dois
Acenará primeiro
Mas façamos um pacto:
Quem antes sair
Não olhará para trás.

Se eu me for
Antes de ti
Deixar-te-ei
Um punhado de poemas
Que falam do que sofri.

Se fores antes de mim
Deixar-me-ás tua história
Escrita com lágrimas de sangue
Nas paredes do meu coração:
“Era uma vez um Rei
que não sabia amar...”

quem de nós dois for primeiro
deixará a porta aberta
e caminhará rumo ao vento
deixando marcas na areia
para poder ser seguido
quando chegar o momento
do outro pedir passagem

Rosimar Brito

ATO DE CORAGEM


Deixe que eu conduza
O meu próprio destino
Carregando ou não
O peso de uma dor
Deixe que eu, sozinha,
Trilhe o meu caminho.
Meu coração –menino
Não quer mais viver
Refém de mentiras
Nem quer repetir
Tudo que um dia
Sofreu por amor.

Minh’alma ferida
Não quer mais sentir
Aquilo que outrora
Sofreu por alguém.
Dos meus desenganos
Ela sabe quem
Sem dó nem piedade
Foi o causador.

Mau corpo cansado
De tanto esperar
Por falsos carinhos
Agora aprendeu
Que é melhor arder
Em chamas de saudade
Do que repetir
O que um dia sofreu.

Rosimar Brito

A PRAÇA


Por fora
Quem passa
Só vê que a praça
É cheia de graça.

Mas é labirinto
Onde o Minotauro
Deixou seu odor
Ave, Maria!
Que cheiro horrível!

E Nossa Senhora
Mostra aos caminhantes
Que aquele mau cheiro
É cheiro de gente
É cheiro deixado
Por um dos seus filhos.

Memória na Praça
Lembranças na Praça
Quanto custou a Praça?
Quanto gasta a Praça?
Quem cuida da Praça?
Para que(em) serve a Praça?
Qual o nome da Praça?
Quem lucra com a Praça?

Será que esse labirinto tem saída?
Para que serve um labirinto?
Quem é o Minotauro?

Em meio à reza
A voz do povo;
Em meio ao barulho
O silêncio da dor.

Nossa Senhora!
Quem fez a desgraça
De sujar a Praça
Que para quem passa
É uma grande obra
É mesmo uma graça?!

Rosimar Brito

ATITUDE DO GUERREIRO


Cada homem traz consigo
A chave da própria felicidade
Resta-lhe, somente, ouvir a voz interior
Levantar-se da queda e retomar
O caminho de volta, a sua verdade
Sem fugas e sem medos

Cada etapa de nossa vida
É um livro em branco
Se a escrevemos com a tinta da Fé
A nossa história fica mais bonita
Realizando, no mundo, a nossa missão.

Basta acreditar e agir
Resolutamente, na vida
Insistir em ser feliz
Tomar para si, sob as bênçãos do Pai
O direito e o dever de ter e ser.

Rosimar Brito

APREÇO


Repreenda-me, se necessário,
Mas não precisa magoar-me.
Eu já sei
Que estou pagando
Pelos meus deslizes
Ou enganos do passado.
Não justifico meus erros
Não lamento meus fracassos
Pois eles aconteceram
Acontecem
E acontecerão sempre
Por circunstâncias
Maiores que a minha
Vontade de acertar



Rosimar Brito

A OUTRA ESPINHA


Existe uma espinha
Que dói em minhas costas
Meus olhos não a vêem
Minha mão não a alcança.

Existe uma espinha
Que enfeia o meu rosto
O espelho denuncia
Sua inflamação.

Marcas e cicatrizes
Podem ser disfarçadas
Espinhas no rosto
Ou nas costas
Podem ser extirpadas

Suportar a dor
E o incômodo desse ato,
Adianta

Mas o que fazer
Com a espinha
Que está atravessada
Em minha garganta?

Rosimar Brito

DESCOBERTA


Quando me falavas de tuas reticências
Eras quase um menino
Descobrindo a vida
Construindo sonhos
Querendo aprender
Tentando acertar.

Envaidecida pelo teu respeito e admiração
Eu quis te mostrar minha experiência
Indicar-te o caminho
Te dar meu carinho
E minha atenção.

Tornei-me tua amiga
Fiz até confidências
Tu, só um garoto
E eu, mulher pronta.
Éramos parecidos
Em nossas aspirações
Precisávamos de afeto
E consideração.

O tempo foi passando
E com ele mudando
A minha história
E o teu destino
História de mulher;
Vida de menino
E cada um seguindo
Numa direção
Vamos tocando a vida
Driblando a ilusão.

Aquele menino
Depressa cresceu
Encontrou o caminho
Descobriu sozinho
O segredo da vida
E as armadilhas do coração
Encarando a sorte
E os desenganos
Aquela mulher
Tão segura, outrora,
Já não tem agora
Os seus verdes anos

Rosimar Brito

OFICINA


Inspiração.
A musa existe
E exige.
A musa usa
E abusa
Poesia é curva
É abismo.
Poesia é voo livre
É aclive
É declive.
Assim é Poesia
Poesia é assim...

Rosimar Brito

ANTES DO FIM


Antes que eu seja infeliz
Se é que um dia o serei
Preciso te falar dos meus projetos
Dos meus silêncios
Dos meus sussurros
Comigo mesma
Por falta de ouvidos
Abertos e voluntários
Para escutarem os meus “entalos”.
Muitas vezes e muitas vozes calei
Para que volte o sabiá
Vou espalhar frutas maduras
Pelo meu quintal
Porque somente o olhar
Afetuoso e companheiro
Do gato malhado de ouro e paz
Não me bastam...

Enquanto em meus ouvidos
Penetram os sons de músicas preferidas
Fazendo chorar de saudade
Meu coração cansado de solidão
Eu agradeço a Deus
E a quem entende esta minha
Tão incômoda emoção.

Rosimar Brito

(IN)CONSEQUÊNCIA


Se houve crescimento não sei
O certo é que a mudança aconteceu

Se foi transformação não percebi
Mas com a experiência aprendi:

Amor para despertar
Amor para conhecer
Amor para sonhar
Amor para sofrer.

Amor para acordar
Amor de ocasião
Amor para se perder
Amor decepção.

Amor, pura ilusão
Amor oficial
Amor compreensão
Amor doce ideal.

Rosimar Brito

PÁGINAS SOMBRIAS


Só muita amargura
Ternura
Esconde-se ou se retrata
Nas linhas que rabisquei.

Falta a metáfora
A fantasia
O colorido
Para dar a beleza exigida pela poesia
Que dorme dentro de mim
Num lugarzinho
Bem escondido
Qual violeta
Em florido jardim.

Rosimar Brito

FLOR DO LUAR


Aqui tudo é paz
Serenidade
Sussurram as matas
Cantam as cascatas
Tranqüilidade

Neste Jardim de Areias
Não temos flores de vidro
Nem coloridos cristais
Mas um recanto sereno
Para muitos madrigais.

Aqui a vista é mais bela
A canção mais poesia
No meio da serrania
Nesta verde aquarela
Andorinhas e pardais
Tornam mais linda esta terra
Ao amanhecer do dia.

Sabiás e beija-flores
Fazem festa no jardim
Borboletas coloridas,
Travessas e graciosas
Brincam livres entre rosas,
Lírios, violetas, jasmins.

À tardinha, um sol faceiro
Pinta de fogo o terreiro
Incendeia o horizonte
E lá por detrás do monte
Uma Lua prateada
Que vem brincar no quintal
Descortina a janela
Da noite silenciosa
E, do alto, majestosa,
Contempla o bosque sombrio
Qual Cinderela fogosa
Vem contemplar-se no rio,
Onde expõe sua beleza.

E do que somos ou temos
A culpa ou mérito devemos
À mulher-mãe-natureza
Que em seu ventre gerou
A vida e aqui pintou
Este quadro tão perfeito
Que se retrata na pena
Dum poeta sonhador.



Rosimar Brito

FLOR AZUL


Flor menina
Pequenina
Frágil
Indefesa
Vestida de céu
E não de purpurina.

Nascida em qualquer jardim
MIOSÓTIS – POESIA
“Não- te- esqueças- de- mim”!

Miosótis, flor que tem
A cor da felicidade
Poesia é remédio doce
Quando a vida está amarga
Como se antídoto fosse
Contra a dor, o desatino,
Que num coração-menino
Semeia grande amizade.

Poesia é miosótis
Semeada por aí
Nas praças, ruas, jardins,
Nos charcos e nos quintais
Contando histórias da vida,
Construindo identidade
E resgatando valores
De nossa sociedade
Cultivando em nossas almas
Paz, solidariedade
Dando bom exemplo aos jovens
E aos velhos companhia
Com prazer e alegria
Muita força de vontade.

Rosimar Brito

REMÉDIO


O QUE FAÇO QUANDO ESTOU TRISTE?
LEIO POESIA
ESCREVO POESIA
COMO POESIA
BEBO POESIA
DURMO POESIA
SONHO POESIA
ACORDO POESIA
BUSCO POESIA
E VIVO POESIA.

Rosimar Brito

POEMA VIVO


Passarinho, passarinho!
Não me insultes, passarinho!
Não brinques nem cantes
No galho seco da laranjeira
Que eu posso não resistir
À tanta beleza,
À tanta poesia
E por causa dessa tua brincadeira
Dessa tua teimosia
Eu venha a ser tentada
A escrever um poema
Ou a compor uma canção
Sem nota,
Sem tom,
Sem ritmo
Mas com toda a ternura
Que expresse a minha emoção.

Rosimar Brito

SONHO DE LUZ


VOCÊ PÔS BRILHO
NA MINHA ESTRELA
PÔS CALOR NO MEU SOL DE AGOSTO
E TERNURA NO MEU OLHAR.

ABRIU MEU ROSTO
NUM LARGO SORRISO

VOCÊ FOI O MEU PARAÍSO
MEU CÉU
E MEU LINDO MAR.

Rosimar Brito

CRISE


Não lamentes, poeta,
A revelação da flor.
Guarda no peito do amigo
A lembrança
De uma Rosa viva
Que o Mar
Em tormenta
Levou.

Não te assustes, poeta,
Se a flor mostrou seus espinhos
Se ela perdeu a ternura
Foi a frieza dos tempos
Ou a aspereza da mão
De algum jardineiro
Sem alma e sem coração.

Não te incomodes
Com a falta de candura
E de alegria da flor
É que ela está descobrindo
Que só os mortos
Falam as suas verdades.

Rosimar Brito

CANÇÃO DO POETA


No galho da roseira
A crisálida se fez Poesia

Uma criança brincava no jardim
Viu, na metamorfose,
O milagre da vida
E, ao descobrir
O segredo da borboleta
Virou poeta.

Os dois se apaixonaram
E voaram juntos.

Mas o poeta cresceu...
Cresceu...
E um dia
Desapareceu

A borboleta ficou triste
Mas continuou a compor,
Sobre as flores,
A canção do poeta.

E baila... baila...
E voa... voa...

Rosimar Brito