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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

ENTREVISTA COM GCM

ENTREVISTA COM GCM

AP:_Você foi expulso de um colégio por ser ateu. Conte como foi.


GCM:   Comecei a ser ateu muito cedo, isso se passou na quarta série. Mudei para um colégio público por problemas financeiros na época, a minha professora era uma mulher de ''mente fechada'', uns 40 anos de idade. Tinha o costume de ordenar que os alunos rezassem no início da aula, como nunca fui muito tímido, a confrontei na primeira oportunidade

Disse que eu não acreditava que um deus poderia existir (na época era muito novo, não conhecia a palavra ateísmo ainda). Logo, alguns bons minutos de discussão, ela me tirou da sala e ameaçou de ''me marcar'' durante o ano se eu continuasse com essa ideia. Não mudei de opinião, e fui levado a o diretor, repeti as mesmas palavras lá.

Meus pais foram chamados a escola, o diretor que era padre, também, estava inconformado. Chegou a dizer que eu precisava urgentemente ir a igreja. Depois de uma longa discussão com os meus pais, fui liberado a voltar a aula, 3 dias depois

Passaram-se 2 meses, a professora me incomodava, me usava como exemplo para tudo e fazia piadinhas na sala sobre eu não acreditar em DeusUm dia, levantei e saí da sala, sem dar avisos. A professora foi atrás de mim, ameaçou de me dar um tapa, na época usei alguns palavrões, tentei fugir da escola, porém fui segurado. Meus pais vieram a escola, e depois de 2 horas de discussão sem a minha participação, minha mãe veio chorando a o meu encontro, dizendo que eu não precisaria mais vir a aula.

Isso foi no final do ano, eu já tinha nota para passar, por isso não perdi nada. Tempo depois, quando tinha idade pra entender, me contaram que eu fui expulso, e que meus pais procuraram a prefeitura para conversar sobre o caso. Já haviam 2 pais processando a professora e o diretor por outros motivos, e fomos aconselhados a não entrar na justiça. E assim fizemos.

A história em si, é isso.

AP: Na prática ela cometeu um crime, e não foi feito nada. Hoje chamariam também de bulling. 

GCM: Na época esse conceito ainda não existia no Brasil

AP: Seus pais, se tivessem orientação correta, poderiam processar a escola em si, além da própria professora. Mas, a professora, hoje continua lecionando?

GCM:Eu me mudei de cidade, não sei a o certo
mas no momento que eu me mudei, 2 anos atrás
ela ainda continuava dando aulas.

AP: A primeira entrevista que fiz foi com um ateu. Expulso de um colégio por seu ateísmo.

GCM: Caso parecido com o meu?


Ele que me deu a ideia de fazer entrevistas, inclusive.

GCM: Tô lendo, parece legal.

AP: Ele ganhou 15 mil da escola.

GCM: Terminei, ridículo a atitude de ''onde meus alunos vão chegar com um professor ateu?''. Eu teria respondido: ''muito mais longe''.

AP: Com certeza. Dos poucos ateus que existem se destacam dentre as maiores mentes da humanidade.

GCM: Sim.

AP: Sem ir longe, o criador do Facebook e o Bill Gates estão dentre os mais ricos. Você admira algum ateu? E por quê?

GCM: Então, em particular, não, eu procuro pensar por mim mesmo. Não tenho uma ''admiração'' muito grande por ninguém em especial. Respeito todos, claro; são grandes mentes, mas, como virei ateu por conta própria, sem nem mesmo influência de amigos ou pais, nunca criei admiração por nenhum nome em especial.

AP: Como foi o seu processo de virar ateu? Como descobriu que não existia Deus?

GCM: Quando criança, minha família tinha o costume de ver documentários em casa nada relacionado a religião, apenas documentários científicos eu comecei a gostar realmente de ciência, e ter uma explicação ótima para as  coisas que eu procurava saber. Logo, no mesmo tempo, me apresentaram a religião que, ao contrário do que eu era acostumado, não me dava uma certeza de como as coisas funcionavam. E, de cara, eu não aceitei.

AP: Muito precoce, então, mas, posso dizer, então, que a TV ajudou nesse processo? Você era de ler muito também?

GCM: Sim, quando comecei a gostar de ciência li muitos livros mais infantis que achava interessante na época, eu devia ter uns 10 anos um que eu lembro era uma série que o nome era ''como o mundo funciona?'' São coisas pequenas, mas que me ajudaram muito a ter paixão por informação que fez eu realmente virar ateu.

AP:Assistia "o mundo de Beakman"?

GCM: Já assisti, claro.

AP: É como se você nunca tivesse sido religioso, então?

GCM: É, mais ou menos isso.

AP: Pra fechar: deixe um recado para as pessoas que não sabem o que é ateísmo.

GCM: Não tenha medo de se tornar livre.


ATEU POETA
Ceará-Paraná via Facebook 

ENTREVISTA COM FÁBIO OLIVA


Fábio Oliva é jornalista investigativo no jornal Folha do Norte, blogueiro e advogado. É ganhador do prêmio Troféu Imprensa na categoria de Melhor Blog Regional.

Esta é a 2ª entrevista do Jornal Delfos.

Escolhemos o Folha do Norte por ser um jornal comunitário, assim como nós, só que com jornalistas bem mais experientes na área, dentre eles se destaca Fábio Oliva, que nos concedeu entrevista via e-mail em 28 de maio de 2010.

Fábio ficou famoso por apurar denúncias que puseram a baixo o cargo de vários prefeitos de sua cidade. Hoje ele faz parte da Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, e tem se destacado a cada dia, tanto que foi citado pelo jornal O Povo, num curso sobre contas públicas, como exemplo de como um jornal comunitário pode mudar a História.

Então, vamos à entrevista que este grande jornalista nos concedeu:

Ateu Poeta1: _ Sabemos que sempre houve ataques a jornalistas, mas não na mesma proporção que hoje em dia. Na America Latina está acontecendo inclusive de assassinatos freqüentes, às vezes a equipes inteiras.

O "Jornal Delfos" ficou sabendo que você também já foi alvo de agressões, por causa do seu trabalho no jornal "Folha do Norte", conte-nos um pouco como isso ocorreu e por quê.

Fábio OlivaEu estava a caminho do Ministério Público, onde entregaria uma série de fotografias que mostravam a presença de trator da Prefeitura de Januária arando terras da fazenda do ex-prefeito Valdir Pimenta Ramos.

Quando estava sobre o passeio em frente ao Fórum de Januária, saíram detrás de uma caminhonete três irmãos advogados.

Eles se revesavam na ocupação de funções públicas ligadas à área jurídica no município e, nessa qualidade, alguns deles foram responsáveis pela emissão de pareceres jurídicos com datas retroativas ou emitidos no bojo de licitações sabidamente fraudulentas. Esses fatos já haviam sido divulgados por mim no jornal Folha do Norte.

Dois deles estavam armados de revólveres. Fugi do local na garupa de uma motocicleta que passava e cujo piloto me ajudou. Como não houve disparo, os três advogados responderam a um processo criminal perante o Juizado Especial Cível.

Fizeram transação penal, ou seja, trocaram o processo pelo pagamento de uma multa. Cada um pagou R$ 600,00 a três entidades filantrópicas e tudo ficou por isso mesmo. É a vida.

AP2 _O "Folha do Norte" assim como o "Jornal Delfos" trata-se de um jornal comunitário. Segundo relato do jornal "O Povo", você conseguiu derrubar alguns gestores no município onde o seu jornal funciona. O jornal "O Povo" chamou você de jornalista investigativo, inclusive existe uma "Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo".


Gostaríamos de saber como se deu o caso das investigações sobre os tais prefeitos corruptos e qual a diferença de um jornalista comum para um jornalista investigativo.

FOPrimeiro é preciso esclarecer a razão do surgimento do jornal Folha do Norte. Quando criamos a ONG de combate à corrupção em Januária/MG, não conseguíamos emplacar uma matéria na mídia existente.

A TV local e duas rádios pertencem à família do ex-deputado federal "sanguessuga" Cleuber Carneiro. A rádio comunitária pertencente a uma entidade social, o Serviço de Promoção do Menor (Servir) quase não podia nos dar espaço, porque dependia de aproximadamente 20 funcionários da prefeitura, entre professores e outros, para poder funcionar.

Um jornal, o Tribuna do Vale, pertence a um cunhado do ex-prefeito João Ferreira Lima (um dos cassados). O outro jornal, "A Voz do Povo", é mantido em nome de "laranjas" mas, de fato, pertence a um ex-secretário de Fazenda que ficou milionário em sua passagem pela prefeitura. Dai tivemos que criar um jornal para dar voz às ações de combate à corrupção.

A diferença básica entre um jornalista investigativo e os demais é a seguinte: Normalmente o jornalista divulga notícias do cotidiano.

O jornalista investigativo acaba produzindo a própria notícia e não apenas relatando fatos do dia a dia. Ele investiga, escarafuncha, garimpa informações as mais dispersas, junta provas, concatena fatos dispersos, até chegar a uma conclusão.

Às vezes uma reportagem dessas, por seu alto grau de complexidade, demora semanas, meses e, às vezes, até anos para ser concluída. É um misto de trabalho policial, de investigador, com o trabalho de jornalismo.

AP3_ O jornalismo é uma profissão muito arriscada, principalmente, hoje em dia. Nesse mês, inclusive, houve um ataque a um jornalista cearense em Juazeiro do Norte quase fatal.

Gostaríamos de saber, o que levou você a ser jornalista. Por que você escolheu esta profissão?

FO: A verdade é que quem se dedica ao jornalismo não escolhe a profissão. A profissão é que o escolhe. A vocação de servir, o desejo de ser útil a um número indeterminado de pessoas e causas vem primeiro.

Depois é que a pessoa escolhe como vai se dedicar a isso, emprestando um pouco do seu tempo e talento a essas coisas e causas. Alguns então se dedicam ao voluntariado, outros o jornalismo.

Mas há, por exemplo, quem escolha ser um "médico sem fronteiras", ou "advogado sem fronteiras" e assim por diante.

Meu avô era escritor. Como não sabia datilografar, fazia os manuscritos e eu os datilografava. Assim tive contato com as letras bem cedo. Gostei e nunca mais parei. Comecei no jornalismo como revisor no antigo "O Jornal de Montes Claros". Tinha de 16 para 17 anos.

Depois fui promovido a "foca", atuei nas editorias de cidade e política. Mais tarde fui assessor de imprensa da Associação Comercial e Industrial de Montes Claros; correspondente do jornal "Diário do Comércio", de Belo Horizonte e, em 2007, tive a felicidade de ter uma de minhas reportagens escolhidas para representar o Brasil no "Prêmio Ipys de Jornalismo Investigativo".

AP4_ Houve no Brasil há algum tempo uma ação de proibição aos jornalistas sem diploma de atuam na área. Até um projeto de lei nesse âmbito foi para a última instância de votação no Supremo Tribunal Federal, que, no fim, foi anulada por ser julgada inconstitucional.

Saiu no programa "Observatório da Imprensa" da "TVE-Brasil" que nos Estados Unidos existem curso de mestrado em 2 anos para jornalistas não formados na área. Já no Brasil, não existe isso, contudo, existem cursos on-line de capacitação.

Gostaríamos de saber o que você pensa a respeito. Você acha que deveria existir esse curso de mestrado para jornalistas não formados no Brasil?

FONão duvido que a academia possa ser extremamente útil ao aperfeiçoamento de quem tem vocação e escolheu o jornalismo para profissão. Mas jamais fará de alguém que não tem vocação, que não tem o jornalismo no sangue e a determinação de sê-lo nas ventas, um bom jornalista.
Sou favorável a duas coisas:

1) que seja preservado o direito de quem já exerce a profissão há muitos anos de continuar a exercê-la, independentemente de diplomae 2) que sejam criados mecanismos capazes de possibilitar a graduação de quem já exerce a profissão sem diploma e deseje se graduar.

Uma legislação que não preveja estas duas possibilidades consistiria em uma novatio legis in pejus. Ou seja, numa nova lei que traria prejuízos se aplicada a fatos anteriores. Tal coisa é abominável.

Há por esse país inteiro milhares de jornalistas não formados que exercem com dignidade e profissionalismo o ofício, sustentam suas famílias e desempenham papel de excepcional importância para a sociedade.

Como também há jornalistas bandidos. Isso ocorre em todas as profissões. Também há juízes bandidos, advogados bandidos, médicos bandidos e por ai vai. O diploma de jornalismo não elimina o jornalista bandido.

Há muitos jornalistas com "canudo" que são verdadeiros bandidos. Mas não há que se generalizar, nem em relação aos formados, nem aos não-formados.

AP5_ Por fim, gostaríamos que você deixasse aqui uma mensagem para aquelas pessoas que se interessam pela função de jornalista.

FOÉ uma profissão maravilhosa. Ajudar a um número indeterminado de pessoas é uma coisa maravilhosa, qualquer que seja a profissão que lhe permita fazer isso. Mas, fazer isso através do jornalismo tem um toque especial.

Não se pode perder de vista, no entanto, que o maior ganho será sempre o reconhecimento público e profissional, a satisfação pessoal. Infelizmente é uma profissão muito mal remunerada. Quase ninguém ficará rico no jornalismo, se o praticar honestamente.


Ateu Poeta 

Presidente do Jornal Delfos

Minas-Ceará, via e-mail 
Entrevista realizada com o jornalista investigativo Fábio Oliva 
Em 28/05/2010

ENTREVISTA COM ROSIMAR BRITO

https://jornaldelfos.blogspot.com/2019/09/entrevista-com-rosimar-brito.html
ENTREVISTA COM ROSIMAR BRITO

Rosimar Brito é pacotiense, lecionou em todas as principais escolas do município de Pacoti e também na UECE.

Além da carreira de professora formada em Estudos Sociais pela UVA e com especialização em Administração Escolar, exerceu o posto de vice-direção da escola Menezes Pimentel e assumiu a diretoria de cultura, criando, nesse período, o Festival de Quadrilhas Juninas de Pacoti do qual fazia a apresentação.

Hoje, o Festival de Quadrilhas já faz parte da cultura local, sendo um dos principais incentivos do turismo cultural de Pacoti.

Ainda foi criadora da Gincana Cultural “Coruja Solidária”, quando nasceu o “Grupo Coruja”, que reunia membros de todas as equipes para encenar a saga “A coruja e os ratos” da qual Rosimar é autora e interpretou o papel da Coruja.

Na ocasião, houve uma parceria da Prefeitura com a UFC e o CeiC, com o advento do projeto “Intercâmbio Cultural” do professor Tarcísio Santiago, o qual doou uma grande hemeroteca, que, por muitos anos, se estabeleceu como parte integrante do acervo do Teatro Luís Pimenta.

Na época, a ombudsman do jornal “O Povo”, Adísia Sá, fez doação de uma biblioteca, que permanecia na escola Enéas Hortêncio.

Atualmente, Rosimar Brito ajudou a criar a APAIP e a SEMPRE, que é responsável pela implementação do Arquivo Público de Pacoti José Audísio de Sousa, o 1° Arquivo Público do interior do Nordeste.

Vamos à entrevista:

Ateu Poeta: 1°- Por que você decidiu ser professora? O que há de especial no magistério?

Rosimar Brito: -Sou professora por vocação. Desde criança sempre nutri uma admiração muito grande pelo magistério que, para mim, é uma das profissões mais importantes por ajudar a formar a personalidade do cidadão.

AT: 2°- Como foi a experiência de criar uma gincana cultural, um grupo de teatro ama dor, uma associação responsável pela criação de um arquivo público, um grupo de poetas e um festival de quadrilhas em seu município?

RB:- Todos nós temos o dever de lutar por uma sociedade mais justa, participativa e igualitária. Em todas essas iniciativas nada mais fiz do que exercer o meu papel de cidadã, visando a integração de vários setores sociais.

AT:3°- Você foi homenageada com uma medalha de cidadã honorária pela Câmara municipal de Pacoti. Como você se sente sendo uma verdadeira cidadã-honorária?

RB:- A Medalha do Mérito Legislativo que em 2004 me foi conferida pela egrégia Câmara municipal de Pacoti representa o reconhecimento daquela instituição pelo trabalho de cada homenageado no seio da sociedade.

Senti-me muito honrada ao merecê-la e surpresa com tal iniciativa em relação à minha pessoa.

AT:4°- Na época do “Grupo Coruja” o então governador do Estado, Ciro Gomes, conversou com vocês do grupo. Conte-nos como é propor um projeto diretamente ao governador do Estado cara a cara, de igual pra igual?

RB:- O governador do Estado nada mais é do que um representante de uma sociedade.

Para nós da Gincana Coruja Solidária propor a ele, através de um abaixo-assinado, a compra do prédio onde outrora funcionava o Seminário dos Padres Salvatorianos, foi uma iniciativa que se fazia necessária dada a necessidade de se criar espaços adequados à implantação de um campus universitário nesta cidade para atender à demanda da região.

Universidade Federal do Ceará foi a ponte entre Pacoti e o gabinete do governador Ciro Gomes, através do projeto “Intercâmbio Cultural”.

AT:5°- O Jornal Delfos gostaria que você deixasse uma mensagem de incentivo para aqueles que pretendem lecionar, virar cidadão honorário ou criar propostas que gerem melhorias para o seu município, tanto no aspecto físico quanto no intelectual.

RB:- Apesar da luta constante pela melhoria da qualidade de vida da população, nossa gente continua precisando de incentivo para continuar melhorando. E o profissional da educação é um dos principais instrumentos de transformação dessa realidade que se apresenta cada vez mais caótica.

É preciso acreditar, é necessário investir mais e mais nesse profissional para que ele continue a influir na mudança de paradigma da sociedade.

O município precisa cada vez mais de cidadãos conscientes de seu papel social, e, por isso, é urgente que cada um exerça o seu papel, desempenhando a sua função.

ATEU POETA
Entrevista concedida por meio de questionário na cidade de Pacoti-Ceará em Agosto de 2010.

ENTREVISTA COM ASA HEUSER E ANDRESSA

Esta é a 5ª entrevista. Aqui, converso com duas riograndenses, simultaneamente.

Asa Heuser mora em Guaíba, RS. É professora de Inglês e Sueco.


Andressa mora em Venâncio Aires, RS. Não tem trabalho fixo, faz “bicos” de atendente e babá.

Vamos à entrevista:

Ateu Poeta: O que vocês estão achando do caso Datena?

Asa Heuser: O que deu para perceber foi que há uma atitude generalizada de que os ateus são pessoas automaticamente sem moral, e o Datena reforça esse preconceito cada vez que usa o seu bordão "Isso é coisa de quem não tem deus no coração".

Esse bordão ele usa há muito tempo, e a princípio eu tenho a impressão de que era mais direcionado a determinada vertente religiosa, que seria "coisa do capeta", na opinião do apresentador.

Já no dia 27 de julho de 2010, ele realmente se referiu diretamente a ateus e nesse caso acho que também houve uma motivação política no discurso dele.

Duas fontes independentes, CNT/Sensus e Fundação Perseu Abramo, já constataram que os ateus são uma categoria que tem a antipatia da maioria dos brasileiros.

Se o saudoso Betinho (Herbert José de Sousa) ou o Drauzio Varella se candidatassem a presidente neste país, perderiam as eleições apenas por serem ateus, mesmo sendo eles uns dos maiores benfeitores no Brasil.

Muita gente odeia os ateus porque não conhece nenhum. O que o Datena fez foi apoiar o preconceito e o ódio que estão aliados a esta ignorância.


Andressa: Eu não cheguei a ver ele na TV, pois não assisto, mas li um pouco sobre o caso na internet, é revoltante!

Não da para entender como um cara desse ainda pode ter um programa na TV!

Ele deveria pedir desculpas publicamente aos ateus e no mínimo tirarem ele da TV!

Ele é um babaca que se empolgou e nem deve ter visto a merda que fez.
AP 1: Por que será que confundem criminosos com ateus?

Asa: Porque esta é uma imagem convenientemente divulgada e reforçada pelas religiões para assustar os seus fiéis, com o fim claro de afastá-los de qualquer convívio com pessoas assim, para que não sejam influenciadas.

O "perigo" real é eles descobrirem que os ateus são pessoas normais, nem melhores nem piores que as demais.

Andressa: É pelo fato de ainda crerem que quem não tem Deus no coração é um monstro, a maioria acha que para sermos bons temos que ser fies a Deus, o que só mostra o quanto são ignorantes.


AP: O que os ateus podemos fazer para que se diminua o preconceito para conosco?


Asa: Devido ao preconceito muito forte é difícil para muitos assumir publicamente o seu ateísmo, mas esse seria um passo necessário para que ficasse claro que tipo de pessoas nós somos.

Por enquanto, só os que não correm o risco de sofrer represálias é que podem fazer isso, e a estes cabe, na medida do possível, divulgar o máximo de conhecimento e informação sobre o assunto para que possa haver uma mudança de opinião por parte das pessoas.

Estamos aqui para dizer "muito prazer, somos ateus e cidadãos como você, e não merecemos seu ódio".

Organizações como a Liga Humanista Secular do Brasil (LiHS), da qual sou vice-presidente, estão aqui para trazer esta mensagem, entre outras.

Andressa: Saírem do armário é um bom começo.


AP: Vocês já tiveram religião ou não, e se tiveram, por que hoje permanecem no ateísmo?

Asa: Quase todos os ateus foram criadas em lares religiosos. Comigo foi diferente, fui criada em uma família de ateus mas, mesmo assim, eu tive uma fase religiosa, de busca por alguma resposta "espiritual".

O ateísmo se torna praticamente inevitável, não é uma decisão, mas uma conclusão, a partir da análise de todos os argumentos em favor da existência de um deus.

Chega uma hora em que chegamos à conclusão de que os argumentos não convencem de jeito nenhum, e passamos a buscar respostas no mundo natural, através da ciência - que é uma atividade incompleta e imperfeita, e humilde o suficiente para admitir isso em vez de alegar ter a verdade absoluta.

Se os religiosos discordam de nós, tem todo o direito de fazê-lo com argumentos. Ter ódio de nós não vai resolver o debate sobre a existência de um ou mais deuses.

Andressa: Fui criada em uma família católica e fui batizada, não cheguei a fazer primeira comunhão não lembro o porquê, mas me recusei a fazer.

Eu tinha medo e duvidar da existência de Deus e de todos os outros santos, mas em uma aula de filosofia no ano passado nosso professor falou sobre questionar tudo, e foi o que eu fiz e vi quanta coisa errada tinha ali.



AP: Que providências, para vocês, o Brasil deveria tomar para que o preconceito religioso acabe, ou pelo menos diminua, uma vez que somos um Estado Laico?


Asa: O ensino religioso nas escolas públicas devia ser abolido, e deveria se ensinar a história das religiões nas aulas de sociologia e história, de forma neutra.

O ensino religioso deve ser restrito à igreja da preferência de cada família, e nas escolas particulares abertamente confessionais.

Um excelente texto que ilustra bem o problema pode ser encontrado nesse link, numa postagem feita no blog Bule Voador, o blog oficial da LiHS:

"Pesquisa da Universidade de Brasília conclui que o preconceito e a intolerância religiosa fazem parte da lição de casa de milhares de crianças e jovens do ensino fundamental brasileiro."



Andressa: Acho que assim como acontece com o preconceito racial deveria se criar um disque denúncia e por na cadeia os preconceituosos!

Todo o tipo de preconceito deve ser punido! Para começo, não ter medo de mostrar suas opiniões e mostrar que ser ateu não é coisa do outro mundo.

ATEU POETA
Ceará-Rio Grande do Sul

Entrevista concedida via e-mail.

ENTREVISTA COM FÁBIO HEAVY



ENTREVISTA COM FÁBIO HEAVY


FABIO HEAVY é criador da comunidade "Ateísmo e Anticristianismo" no site de relacionamentos "Orkut". Aceitou conceder-nos uma entrevista para o Jornal Delfos.

vamos à entrevista: 

A.T.: 1°.: Quando você disse "eu sou ateu" com convicção e por quais razões?


F.H.: NO FUNDO SEMPRE FUI ATEU POIS MESMO FREQUENTANDO RELIGIÕES COM MEUS PAIS,NO FUNDO NUNCA ACREDITEI EM NADA MAS EM MEADOS DO ANO 2000.



DEPOIS QUE VIM MORAR SOZINHO QUE ME AFASTEI DE TODA ATIVIDADE RELIGIOSA E ESTUDEI MAIS SOBRE O ATEISMO ONDE VÍ QUE ME ENCAIXAVA E ME DECLAREI ATEU!!



A.T.: 2°.: Você é ou já foi discriminado por ser ateu, com piadas ou de outra forma? E o que você pensa a respeito de pessoas que discriminam os outros por isso?

F.H.: DISCRIMINAÇÃO PESADAS E XINGAMENTOS SÓ O ORKUT MESMO MAS NA VIDA REAL JÁ SOFRI DESCRIMINAÇÃO DE FORMA MAIS BRANDA DO TIPO PESSOAS QUE FALAM DE VOCÊ PELAS COSTAS QUE TEU DEFEITO É NÃO CRER EM DEUS,TE ENCARAM COMO ALGUÉM INFERIOR POR CAUSA DISSO MAS EU NA VERDADE TENHO É PENA DESSE POVO ATRASADO POIS A IGNORÂNCIA DELES QUE OS CEGAM AO PONTO DE ME JULGAR PELO SIMPLES FATO DE NÃO CRER NO DEUS DELES SENDO QUE TANTOS QUE CREEM COMETEM OS PIORES CRIMES COMO PADRE PEDÓFILOS P/EXEMPLO!!!

A.T.: 3º Por que criar uma comunidade no "Orkut" com o nome "Ateísmo e
Anticristianismo" e desde quando a comunidade existe?

F.H.: A A&A FOI CRIADA NO DIA 15 DE FEVEREIRO DE 2007 APÓS EU E MEU PRIMO SERMOS EXPULSOS DE DIVERSAS COMUNIDADE ATEÍSTAS POR CRITICAR A RELIGIÃO CRISTÃ E SEUS ABUSOS AO ESTADO LAICO ABRINDO TÓPICOS DENUNCIANDO OS ROUBOS DOS PASTORES E ESCANDALOSOS DA IGREJA CATÓLICA COMO AS CARNIFICINAS DAS CRUZADAS E DA INQUISIÇÃO,ETC.

AÍ SURGIU A IDEIA DE SELECIONAR OS ATEUS QUE NÃO QUEREM SE CONFORMAR COM ESSA SITUAÇÃO DA NOSSA SOCIEDADE E QUE QUEIRAM COMBATER O CRISTIANISMO DE UMA FORMA EDUCADA E SÉRIA SEM XINGAMENTOS IDIOTAS OU OFENSAS GRATUITAS AOS CRISTÃOS!

NA A&A NÃO BASTA SER ATEU,TEM QUE SER UM LUTADOR CONTRA A SOCIEDADE DOMINADA PELO CRISTIANISMO,NÃO É LUGAR PARA CONFORMISMO!

A.T.: 4º: Você acredita que a intolerância religiosa um dia acabará ou será isso uma "permanência história", uma coisa que jamais acabará?

F.H.: A HISTÓRIA DA HUMANIDADE QUE JÁ PASSOU NUNCA MUDARÁ POIS JÁ TÁ TUDO REGISTRADO E TODAS AS GUERRAS E CONFLITOS FORAM GERADOS PELA INTOLERÂNCIA,NÃO APENAS RELIGIOSA,ACREDITO QUE O TIPO DE INTOLERÂNCIA VAI MUDANDO DE ACORDO COM O TEMPO, MAS ESTÁ NA NATUREZA DO HOMEM DESTRUIR SEU SEMELHANTE,ENTÃO ACREDITO QUE A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA PODE ATÉ ACABAR, MAS OUTROS MOTIVOS SEMPRE SERÃO USADOS PARA FAZER GUERRA, INFELIZMENTE!

A.T.: 5º: Para você o que há que ser feito para que o ateísmo seja visto com naturalidade pelas pessoas que não são ateias?

F H.: EM PRIMEIRO LUGAR, O ATEU TEM QUE MOSTRAR, NO SEU DIA A DIA, QUE É UM SER HUMANO NORMAL COMO QUALQUER TEÍSTA, COM SUA FAMÍLIA,EMPREGO,ESTUDO,ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE LAZER, IGUAL A TODOS,QUE NÃO SOMOS ASSIM TÃO DIFERENTES,QUE APENAS NÃO ACREDITAMOS EM DEUS, MAS ,NO RESTO, SOMOS IGUAIS,TEMOS SENTIMENTOS E AMOR AOS NOSSOS SEMELHANTES,QUE AJUDAMOS NOSSA COMUNIDADE,QUE TEMOS SOLIDARIEDADE PELO AMOR AOS SEMELHANTES E NÃO A UM DEUS INVISÍVEL.

E O PRINCIPAL, É NÃO AGIRMOS COMO VÂNDALOS.

XINGAR E HUMILHAR CRISTÃOS, PICHAR IGREJAS,DESTRUIR LOCAIS DE CULTOS SÓ MOSTRA A ELES UMA IMAGEM QUE SOMOS MARGINAIS QUE NÃO MERECEMOS VIVER EM SOCIEDADE!

TEMOS QUE MOSTRAR NOSSA VERDADE NA RAZÃO COM ARGUMENTOS CALÇADOS COM PROVAS CIENTÍFICAS E NO RESPEITO, POIS SE QUEREMOS SER RESPEITADOS.

TEMOS QUE RESPEITAR A CRENÇA DELES!
LUTAR, SIM, CONTRA OS ABUSOS E EXAGEROS INTERFERINDO NO ESTADO LAICO, MAS NÃO VIOLAR O DIREITO DELES EM CRER NO QUE QUISEREM!


ATEU POETA 
ENTREVISTA VIA ORKUT EM JULHO DE 2010

ENTREVISTA COM LIDIANE


ENTREVISTA COM LIDIANE

Dia desses, passando pela comunidade no orkut, vi um tópico que me chamou muita a atenção, uma história de uma menina que seria praticamente expulsa de casa simplesmente porque a sua família não aceita seu ateísmo.

Uma coisa que me deixou extremamente triste porque também sou ateu mas minha família jamais faria isso comigo. Imaginei-me na pele dela e resolvi entrevistá-la neste jornal, como uma forma de protesto em seu apoio pela liberdade de não crer em nada místico e pelo direito de ser respeitado por isso.

O nome dela é Lidiane, e ela sofre na pele um preconceito dentro da própria casa.Lidiane é nascida e mora no estado de São Paulo, ateia participante da comunidade "ateísmo e anticristianismo".

Esta entrevista é o modo de expressar todo o meu respeito pela sua liberdade de escolha. Saiba que tem o meu total apoio. E lhe desejo, Lidiane, muita sorte na vida.

Vamos à entrevista, então:

Ateu Poeta:
1° Por que você decidiu ser ateia?

Lidiane:
Ser ateia nunca foi uma decisão para mim.Nasci em uma família extremamente religiosa e que segue um pensamento puritano.

Simplesmente um dia, lendo um folheto religioso, me surgiu a pergunta: “Por que eu acredito em Deus?” e infelizmente – ou talvez felizmente – não houve resposta.Passei então a buscá-lo, a fim de reafirmar minha fé, mas o resultado foi o contrário.

No começo eu acha que duvidar da existência de deus era algo repulsivo, inadmissível; rejeitei muito um possível ateísmo, e muitas vezes me peguei dizendo “É claro que eu acredito, não posso duvidar ” “Deus existe! Há provas disso por todo lado”.


Quando percebi que estava sendo hipócrita ao querer enganar a mim

mesma, ao invés de aceitar minhas dúvidas, comecei a ter uma visão mais crítica,
a questionar, e a não me contentar em não entender determinadas coisas. Foi aí
que eu entrei num período de transição; primeiro virei agnóstica, hoje sou
ateia.

AP: 2° Qual o pior preconceito que sofreu a este respeito?

L: Ainda hoje tenho muita dificuldade em assumir meu ateísmo. Passei um ano e meio escondendo de todos e, inclusive, da minha família.Um dia cansei de agir como se eu ainda fosse uma cristã; Contei pra minha família.

Meus pais rejeitaram meu ateísmo, foram preconceituosos e quase me rejeitaram também.Disseram-me: “Não somos obrigados a conviver com alguém tão diferente de nós” “Quando você fizer dezoito anos não precisa mais voltar para casa”.


Depois de tanta discussão, minha mãe chorando disse: “Então você não acredita em nada?! Você precisa acreditar em alguma coisa... e quando você precisar de ajuda, a quem

vai pedir, pra quem irá pedir um refugio ou consolo?”.

Nesse momento, mais do que nunca, percebi o real motivo da fé...Meus pais só me fizeram ter a convicção de que o ateísmo é a forma mais coerente de enxergar o mundo.

AP: 3° O que você acha que é necessário que aconteça para que o preconceito contra os ateus diminua?

L: Não sei dizer ao certo. Sabemos o quanto a religião tem um poder muito grande de influência sobre as pessoas, e é exatamente a religião e a própria bíblia que condicionam o pensamento preconceituoso contra nós ateus.

A maioria das pessoas tem uma visão distorcida e generalizada de nós, por isso, para que consigamos diminuir esse preconceito nós devemos mostrar às pessoas quem somos, o que pensamos, o quanto podemos ser morais, bons e éticos sem termos religião ou crença.



AP: 4° O que a faz continuar sendo ateia?


L: Posso manter um olhar crítico, aceitar ou rejeitar algo sem precisar me manter centralizada num conceito espiritual ou dogmático.

A visão religiosa fecha nossos olhos para muitas coisas, faz-nos enxergar somente aquilo que queremos ver ou aquilo que nossas crenças permitem/querem mostrar, mas não o que realmente acontece.

O que nos torna humanos é a consciência, e eu posso usar a minha sem ter que aceitar tudo o que um suposto deus faz e escolhe, estando certo ou errado, só porque ele é um deus.O único motivo, e por si só suficiente, para me fazer continuar sendo ateia é a falta de razões para crer em um deus especifico em meio a tantos outros deuses.


AP: 5° Deixe uma mensagem para aqueles que temem os ateus.

L: Você já parou para pensar que independente de crença as características que mais importam em um ser humano é o caráter, a bondade, o altruísmo, a ética e o amor? Todas essas coisas não se adquirem crendo, nem descrendo em deuses, mas simplesmente as temos, ou não.


Nós ateus, podemos ser tão maus ou tão bons quanto qualquer um que sente-se ao seu lado na igreja, que se ajoelhe e reze para Deus, leia a bíblia frequentemente
ou qualquer um que te cumprimente segundo os costumes da sua igreja.

Você sabe disso, só não aceita.


Ateu Poeta
Entrevista concedida em 18/06/2010
Ceará-São Paulo, via orkut e via e-mail