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segunda-feira, 21 de maio de 2018

LOUCA SOCIEDADE PADRÃO

LOUCA SOCIEDADE PADRÃO

Vivemos em uma sociedade em que sentir em demasia denota fraqueza, ou loucura. Condicionados a vida frenética como nas ininterruptas linhas de produção, o ser humano não sente mais, tampouco pensa.

É apenas um 'play' e 'stop', uma sirene que toca e o bando que corre para se esforçar a ser o mais próximo do automático das máquinas, o mais semelhante um ao outro.Olham preocupados de um lado ao outro, temerosos de estarem agindo, pensando ou fazendo algo fora do padrão de conduta estabelecido.

Todos se policiam, apreensivos. Então comentam: "Vejam, o João, como ele tem andado ultimamente, tão diferente, anda diferente, age diferente. Me veio estes dias com uma conversa que não entendi, logo conclui que és louco".

E eles se riem, se riem de sua ignorância e subordinação. Se riem de sua não existência. Se riem da vida que não têm e do pouco que ganham para não viver.

Jorge Azevedo in 2015

terça-feira, 15 de maio de 2018

ASA COGNATA

ASA COGNATA

Se tiver asas
fuja das grades
se tem passos
ame a estrada
se tiver braços
almeje mais espaço
distribua abraços 
se tem olhos
busque o infinito
se for cego
saberá o que é bonito
se tem mãos
rompa com os grilhões
se tem tato
toque os rostos 
se tiver um coração
que amar seja sua oração.

2015

quinta-feira, 10 de maio de 2018

TALVEZ, MEU BEM


Talvez, meu bem
não seja possível
regar as rosas
nem libertar os pássaros
nem preservar os rios
nem alimentar as florestas.

Talvez não seja possível
nem cultivar o sonho
Mas é tarefa infindável
perpetuar o verso.

Talvez a única luz
seja a que vem
do reflexo
da tua alma.

Talvez por isso aquela canção
tão triste
seja a predileta
e a vida repleta
de solidão.

E eu não sou o que sou agora
eu sou
a que ficou para trás.

Jan Roen

sexta-feira, 4 de maio de 2018

ARDENTE

ARDENTE

O retirante
Não se retira por vontade 
Não lhe agrada 
Ver sua terra distante 
Leva a saudade 
Vai por força de necessidade 
Conhecer a cidade 
Não é luz de lamparina 
O que brilha são zóio da menina 
Pau de arara 
Caminhão lotado 
O peso do mundo 
Quando o banco cede e cai 
Sobre os pés dessa menina 
Tornozelo quebrado 
Coração dilacerado 
Adeus pai e mãe 
Vou pra Sumpaulo 
Tentar a vida 
E quem sabe não mesma viagem 
Também não estava Lula da Silva 
Lula da sina 
Luiz Inácio 
Do latim: ardente 
Portanto um Silva ardente 
Do Sol quente do sertão 
No pau de arara 
Fugindo da seca 
E da pobreza 
Destino Sumpaulo 
Destino operário 
A mulher sob o peso 
Do mundo em seu tornozelo 
Era minha mãe 
O Luiz Ardente 
Era só mais um homem sem zelo 
Só queria água e pão 
Jamais sonhou ser seu destino 
Algo grande seria desatino 
Mas o retirante foi presidente 
Gravou seu nome 
Na História de uma Nação

Jorge Azevedo
05/05/2018