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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

LADRÃO DE ALMAS

Ladrão de almas


Tire de mim o que sou,
faça de mim tua alma,
busque meu ser, meu som,
mas enquanto puder respirar,
terei sempre o que restou,
serei vivo e serei louco.

Me normalize,
porém nunca lhe direi que desisti.
Falsas palavras não condizem ao meu pensar,
serei sempre pensamento a lutar livre.

Digo:
Tua ideia de revolução,
tua farsa, essa mentira,
tua força é ilusão.
Não me peça por ajuda,
pois ainda estou lúcido.
Faça de mim algo que é teu,
mas não me terás realmente.
Oh, sociedade demente...
Não enxergas em teu fim tamanho breu?

Agora me refiro a ti, ladrão de almas,
nunca contei contigo pra existir,
mesmo eu sendo tão comum...
Passei por minhas dores,
tu conheces nada delas.

Ainda assim, diferente de mim,
tu precisas de quem cativas...
Enquanto somos indivíduos que se amam,
tu não retribui aos grupos que te adoram.

Oh, ladrão de almas...
És mais escravo do que aqueles que te seguem.

Eu posso viver com o que sou,
podes dizer o mesmo de si?
Somos irmãos, mas tu me ordenas.
Somos grãos em grande mar de areia.

Eu não pretendo te dizer o que fazer,
não pretendo liderar, ganhar, nem mesmo falar...
Embora esteja em nossa natureza,
minhas frases fiz à mim,
os que as ouvem às sintonizaram,
mas os que não captam o sinal,
esses estão certos de suas próprias formas.
Já você pretende trocar sinais por grandes cabos,
ou deveria dizer, correntes e cordas...

Eu não vou mudar o rádio de ninguém!
Existem os que me ouvem, existem os que passam a ouvir,
mas eu não obrigarei aqueles que não conhecem e não querem conhecer.
Somos todos livres a buscar algum saber...
Já você, ladrão de almas, por não nos reconhecer,
deseja a vitória por meio da enganação.

Certos seres desejam só sabedoria,
outros, poder sobre a maioria.
Não te quero, não te apoio,
até que me entenda,
tua alma é tão pequena,
oh... Ladrão de almas.

O Rei Poeta

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

ODE A SOPHIA



Ode a Sophia

I

Tão pequena pétala de rosa

Há de brilhar algum dia

No calabouço da ignorância

Quebrando correntes e grilhões

Saindo ao sol feito rainha

Dançando desnuda

Como fora concebida

Entre homens e fantasmas

Eternamente

II

Mas enquanto estás em cárcere

Divido contigo tua pena

E preso na escuridão te enxergo em partes

Escravo de minhas próprias limitações

Recito textos antigos para te acordar

Meditando nossa distância

Em meu coração

Eternamente

III

Extenuado por gritos alheios

Da multidão que não te entende

Acusam-me de bruxo

Por tua companhia

Mas me nego a te abandonar

Deixo a fogueira do mundo me queimar

Eternamente

IV

Do meu desejo faço tuas roupas

Quando deveria te ter nua em meu leito

De minhas lágrimas faço teu caminho

Caminho inútil dado o tamanho de nossa prisão

E de mim mesmo faço a água e pão

Que mata minha cede e fome

Mesmo sabendo eu que

Tu deverias me alimentar

Eternamente


Rogerio Murdoc, 7 de novembro de 2012.