ARDENTE
O retirante
Não se retira por vontade
Não lhe agrada
Ver sua terra distante
Leva a saudade
Vai por força de necessidade
Conhecer a cidade
Não é luz de lamparina
O que brilha são zóio da menina
Pau de arara
Caminhão lotado
O peso do mundo
Quando o banco cede e cai
Sobre os pés dessa menina
Tornozelo quebrado
Coração dilacerado
Adeus pai e mãe
Vou pra Sumpaulo
Tentar a vida
E quem sabe não mesma viagem
Também não estava Lula da Silva
Lula da sina
Luiz Inácio
Do latim: ardente
Portanto um Silva ardente
Do Sol quente do sertão
No pau de arara
Fugindo da seca
E da pobreza
Destino Sumpaulo
Destino operário
A mulher sob o peso
Do mundo em seu tornozelo
Era minha mãe
O Luiz Ardente
Era só mais um homem sem zelo
Só queria água e pão
Jamais sonhou ser seu destino
Algo grande seria desatino
Mas o retirante foi presidente
Gravou seu nome
Na História de uma Nação
Jorge Azevedo
05/05/2018