ENTREVISTA COM SILVEIRA VIANA
Um dia desses, passeando pelo Orkut, encontrei uma comunidade chamada “Ateísmo e Anticristianismo” e vasculhei o fórum.
Achei um relato de um professor, denunciando que tinha sido demitido de uma escola já há algum tempo por ser ateu, pura e simplesmente.
Esse não foi o único relato de intransigência religiosa que encontrei lá. Então, resolvi dar uma força, como pude; a simples palavra.
Todos devem saber, hoje, que intransigência religiosa é crime. Pois bem, mas nem todos sabem que isso vale também para combater o preconceito contra os ateus, que é imenso nesse país LAICO, que alguns insistem em chamar de católico.
Pois bem, acabou que o professor resolveu conceder-me uma entrevista para o Delfos. Fiquei indeciso quanto à hora de publicar esse conteúdo, todavia, dia desses, visitei a comunidade novamente e vi os comentários do professor.
Ele entrou com uma ação por danos morais e materiais contra a escola que lhe havia demitido sem justa causa e ganhou o caso.
A escola pagou a ele um pouco mais de 15.200 (quinze mil e duzentos) reais.
Então, sem mais conversa, trago agora em primeira mão, a 1° entrevista do Jornal Delfos, via internet.
Antes da entrevista em si conversamos um pouco:
Ateu Poeta: Cara, discriminar ateus é crime sim. Denuncia.
Vou usar o teu caso e outros pra criar um artigo em meu jornal em defesa dos ATEUS, se você me der permissão para usar o seu relato na comunidade "Ateísmo e Anticristianismo”.
Silveira Viana: Pode usar como quiser. Se precisar, até te dou uma entrevista.
AP: Com certeza, cara. Já criei o texto, mas uma entrevista seria muito bom. Será a primeira entrevista do meu jornal, já pegando um caso sério assim.
Pode ser via orkut mesmo?
SV: Pode sim.
AP: Eu também serei professor, daqui a uns tempos.
A primeira pergunta então:
A ENTREVISTA COMEÇA:
AP: 1- Há quanto tempo tu lecionavas naquela escola?
SV: Lecionava a cerca de três anos.
AP: 2- Onde se encontra tal escola (Estado e cidade).
SV: Brumado, BA.
AP: 3- Atualmente você dá aula em outro colégio ou está a procura de emprego?
SV: Dou aula em outros colégios. Estou empregado e bem empregado.
AP: 4- Conte-nos, como se deu o caso da sua demissão devido à intransigência religiosa do diretor.
SV: Alguns alunos descobriram que eu era ateu, e me perguntaram se eu me importava em fazer um debate sobre evolução e criação, achei super interessante e aceitei.
Eles falaram com a direção e com outro professor, que dava aulas de filosofia e era seminarista, marcamos.
Todo o ensino médio participou, começamos a expor nossos pontos de vista. Até que um aluno me perguntou se eu acreditava em Deus, dei um sorriso e disse que não, que era ateu.
O burburinho se instalou. Terminou o ano e a diretora disse que não precisava mais dos meus serviços e disse: "aonde os meus alunos vão chegar com um professor ateu?". Respondi: "eu sou professor da sua escola se você acha que isso é pouco? então!" foi assim.
AP: Professor, obrigado por conceder a entrevista ao Jornal Delfos e acima de tudo, obrigado pela ideia da entrevista on-line, o que ocasiona uma reconfiguração do próprio Delfos, uma vez que não nos passava pela cabeça realizar entrevistas on-line. Tentaremos fazer com que essa experiência se repita.
Ateu Poeta
Presidente do Jornal Delfos
Ceará-Bahia, via Internet, 2010