FILHA DA NOITE
por onde perambulam os sonhos de milhares de meninas e meninos?
há uma ruptura neste azul que te acinzenta
e te empalidece os olhos
sob o frio deste sol
a iluminar
mais uma manhã que não sorri
migalhas de gemidos
dançam
nos vãos de teus dentes amarelo-tabaco
sob a vertigem de estrelas artificiais
regada a alcaloides e anfetaminas
de fins de noite
em que luas se cobrem de limo
entre lençóis acres
torporosamente revirados
e fumaça
resta o vazio
a latejar ouvidos
o corpo cansado
ranhuras de amores fantasmas na pele
um choro no esôfago
e sonhos de princesa
trancafiados na masmorra
dos dias
amanhã
talvez
um talvez indolor
uma flor
nova cor
amanhã
de manhã
talvez