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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

ENTREVISTA COM CRISTINA RANGEL

ENTREVISTA COM CRISTINA RANGEL

Cristina é natural de Cabo de Santo Agostinho-Pernambuco e faz parte da NOP-Nova Ordem da Poesia no Facebook.


Ateu Poeta 1: _ Quando você descobriu que estava com fibromialgia?


Cristina: _Há 6 anos passei a ter fadiga constante, procurei diversos médicos de diversas áreas, inclusive chegando a psiquiatras e neurologistas que inicialmente diagnosticaram como depressão, isso acontece muito, já que não existe especialistas para a fibromialgia. 

Foi uma sucessão de diagnósticos incorretos, e somente a 18 meses consegui um médico que deu uma diagnóstico preciso e a partir desse diagnóstico que é feito apenas com a apalpação de locais específicos do corpo e somado a outros sintomas pode ser conclusivo. 

Não existem exames laboratoriais ou de imagem que detectem a fibromialgia, dei início a um tratamento em que tenho tido bons resultados.

AP 2:_Como você lida com esta doença? 


Cristina:_Com a consciência de que se trata de uma doença ainda sem cura, embora as pesquisas tenham avançado nesse sentido e grupos de pessoas diagnosticadas com fibromialgia, estejam se unindo para que o governo apoie os pacientes e capacite profissionais numa área para atendimento e diagnóstico correto na rede pública de saúde, e da mesma forma possamos ter direitos civis para aposentadoria por exemplo, pois ainda não podemos nos aposentar por Fibromialgia, mesmo sendo uma doença altamente debilitante. 

Então, ter esperança e calma são fundamentais no dia a dia de um fibromiálgico, eu procuro não deixar a fibromialgia como personagem central da minha vida, apenas como um processo como qualquer outra enfermidade crônica. 

AP 3:_O tratamento é complicado?


Cristina:_ A fibromialgia tem um grupo de sintomas que variam de intensidade de acordo com o paciente, então os tratamentos variam de acordo com esses sintomas em cada paciente. 

Mas de modo geral o tratamento é feito com anti-inflamatórios, analgésicos, complemento vitamínico, exercícios físicos e terapias auxiliares e em alguns casos o uso de ansiolíticos também é empregado. 

Os sintomas são: Dor em 11 pontos do corpo (constante), Sensibilidade na pele que causa sensação de queimação, Frio nas extremidades (pés e mãos) , falta de concentração, fadiga constante e sede insaciável. 

Esses sintomas quando ocorrem todos de uma só vez causam as crises, que como disse variam de paciente para paciente e por isso são tratados de acordo a necessidade do paciente e seu histórico médico. 

O que todos nós somos aconselhados de forma igual é nos manter em movimento praticando um esporte da nossa escolha e a terapia com psicólogos, pois é muito exaustivo lidar com tantos sintomas, e readaptar a nossa rotina. 

AP 4:_Que dica você daria para quem é diagnosticado com fibromialgia? 


Cristina:_Eu diria a um paciente fibromiálgico, que não tentasse convencer as pessoas que as suas dores são reais, que não se permita dar ouvidos as pessoas que não compreendem todos os sintomas e as crises. 

Que já temos dores demais, e não precisamos da dor da incompreensão e que fale como se sente para as pessoas que realmente se importam em estar presentes em sua vida. 

E que respeite seus limites, físicos e emocionais.

AP 5:_ Você é uma das poetisas que fazem parte da NOP (Nova Ordem da Poesia) no Facebook. Fazer poesias ajuda a esquecer um pouco ou a suportar melhor ao desabafar o que sente de forma poética?

Cristina: _ Sim. A poesia veio antes da fibromialgia, mas hoje ela é uma válvula de escape em momentos de crise e dores intensas , através dela tenho conseguido sensibilizar pessoas e chamar atenção para pessoas que convivem com fibromialgicos e que reconhecem os sintomas neles e os incentivam a buscar ajuda médica. 

A poesia é sem dúvida para qualquer mal um lenitivo, que bem empregado gera bem estar, eu recomendo em alta dosagem para todos, fibromiálgicos ou não.


Obrigada pela oportunidade.


Eu gostaria de fazer algumas ressalvas, sobre o que eu disse na entrevista, aproveitando o espaço que foi oferecido gentilmente, para que não ficassem dúvidas, e em consequência disso ocorresse um desserviço aos amigos fibromiálgicos. 



Seguem os esclarecimentos:
     Sobre o exame de apalpação o médico procura 18 pontos dolorosos no exame clinico, localizando 11 pontos já é considerado Fibromialgia, esse é o meu caso.
      Também sobre não haver uma categoria médica específica na medicina, esclareço que os médicos reumatologistas, estão capacitados a fazer o diagnóstico da fibromialgia assim como outras doenças que causam dores crônicas. 
        Existe também a SBED - Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. que faz estudos da Dor e podem também ajudar as pessoas que suspeitam ou já são diagnosticados como fibromiálgicos e outras doenças que causam dores crônicas. 

        _Outro ponto que quero esclarecer, é que o sintoma de Sede Insaciável, ocorre com menos frequência que os demais, e que ainda está em estudos, mencionei-o pois eu sou uma das pacientes que tem esse sintoma, alguns médicos sugerem que seja apenas um efeito colateral das medicações que uso, ou usamos, já que no grupo de terapia de dor que frequento, outros pacientes não tomam medicamentos iguais e sofrem desse mesmo sintoma. 

        Fiz essas ressalvas à pedido de Sandra Santos do grupo Abrafibro Assoc Bras Dos Fibromiálgicos aqui no Facebook, as minhas colocações foram de forma absolutamente pessoal, baseada em minha vivência dos últimos 10 anos, mas considerei justo o pedido já que tive o espaço cedido com a intenção de levar informações sobre a Fibromialgia, Com isso, agradeço novamente o espaço oferecido pelo amigo Aroldo Historiador. Obrigada.

        Ateu Poeta
        Entrevista realizada via Facebook dia 05/11/2015