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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

ENTREVISTA COM O PROFESSOR PAULO SÉRGIO VIANA

ENTREVISTA COM O PROFESSOR PAULO SÉRGIO VIANA

O Professor Paulo é ex-professor de Filosofia e atualmente mora em Pacoti-CE

Aroldo Historiador 1:_ Quando você começou a produzir literatura?

Prof. Paulo:_ Não tenho uma data precisa, mas em 1978 já tentava escrever poemas. Naquele ano, a pedido de um amigo, músico, fiz uma letra que ele musicou. Tomamos conhecimento de que estavam abertas as inscrições para o Festival Universitário da Canção, da UFC. Nos inscrevemos, com a música que intitulamos “Valsinha para Célia”, sem compromisso nem expectativa, visto que, artistas consagrados de Fortaleza participariam. 

No entanto, fomos vencedores do festival. Entusiasmado com a vitória, passei a escrever mais poemas. Em 1979, com a parceria de amigos e amigas poetas, publicamos um livro de poemas, cujo título era “Voo Livre, Pés no Chão"

Houve um intervalo longo, sem produção e publicação, até que, em 1989, meu texto infantil para teatro “Robob, o Robô que queria ser gente", foi encenado, durante dois anos em teatros e colégios de Fortaleza. Com esse trabalho, ganhei o prêmio de “Destaque do Ano de Autor”, de 1990, na solenidade anual de premiação do teatro do IBEU-CE, promovido pelo Grupo Balaio.

A.H. 2 :- Quantos livros publicou até agora?

Prof. Paulo:_ Foram dois. O primeiro, já mencionando, foi uma coletânea de poemas com outros autores. O segundo, um romance psicológico, cujo título é “Sementes da Transformação”, publicado por uma editora do Paraná, em 2009, através de um programa para novos autores.

A.H. 3 : - A Filosofia ajuda a melhorar a escrita?

Prof. Paulo:_ Eu diria que a leitura, em geral, ajuda a melhorar a escrita na forma e no conteúdo. Podemos dizer que a Filosofia contribui muito para a crítica e para a autocrítica e, consequentemente, para o aperfeiçoamento do que escrevemos.

Prof. Paulo: 4: - Como o senhor enxerga o Brasil durante a Ditadura Militar e após?

Malgrado, ter convivido com a ditadura militar em seus tempos mais cruéis, quando era muito jovem, pois quando ela foi deflagrada eu tinha apenas nove anos, leituras e observações, me fizeram repudiar completamente esse período tenebroso da história brasileira. 

Até quatorze anos de idade, morava em minha cidade natal, Várzea Alegre. Não tinha muitas informações sobre a ditadura, até porque não existiam. Mas, ao me mudar para Fortaleza, no auge dela, em 1970, comecei a perceber que não existia liberdade de expressão, tudo que fosse publicado teria que se submeter a uma comissão de censores da policia federal, pessoas eram presas e desapareciam, ou por morte, ou por prisão. 

Muitos eram jogados no mar, de aviões. Outros eram torturados até a morte, alguns tiveram que fugir do país. Um primo foi preso porque participava do movimento estudantil. A repressão era violentíssima. Não existiam associações, sindicatos, enfim, qualquer organização era proibida. E a propaganda governamental impunha um sentimento nacionalista, veiculando nossas belezas naturais, estimulando o patriotismo. 

Mas, na clandestinidade, brasileiros e brasileiras lutavam por liberdade e justiça. Dentre eles, nossa Presidente atual. Já nos anos oitenta, quando a abertura política estava se consolidando, eu e outros amigos do movimento sindical fazíamos uma convocação para uma greve dos previdenciários, pregando cartazes, quando fomos abordados por um agente da polícia civil que disse que o delegado de plantão queria falar conosco. Fomos, conversamos, ele confiscou nosso material e, depois, nos liberou.

AH.: 5: _O que pensa a respeito de quem hoje pede a volta da ditadura no Brasil?

Prof. Paulo: Tenho dois sentimentos em relação a essas pessoas: Um deles é, no primeiro momento, de perplexidade diante de tamanha loucura ou ignorância da História e do que significa militares no poder. 

O outro, é um temor de que a serpente do fascismo esteja produzindo seus ovos e eles já estejam “pipocando” em meio às manifestações contra o governo popular do PT. Espero que não vinguem.

A.H.: 6- Está com alguma obra inacabada que ainda virará livro?

Prof. Paulo: _Tenho dois livros praticamente prontos. Outro romance, que está em fase de revisão, mas que precisa ser olhado com mais dedicação, por se tratar de um tema complexo, relacionado com o destino da humanidade e do universo. E outro, de poesia, faltando apenas uma seleção mais rígida dos poemas a serem publicados. A publicação exige recursos financeiros e isso é um obstáculo.

Ateu Poeta
23/02/2016
Entrevista via Facebook
Pacoti-Ceará