O QUE É CRUSH?
A cada dia me sinto mais velho, especialmente por conta das novidades, novas tendências, tribos, inovações, e claro, a evolução da linguagem. seja ela formal ou vulgar - gírias.
Soube há poucos dias de um novo termo que vem sendo utilizado por esta "geração Y" ou adolescentes pós-modernos. Uma gíria: Crush - o que traduzindo ao pé da letra na língua inglesa ficaria como [esmagar/esmagamento/colisão]; foi inserida no linguajar desse - como diria o sociólogo polonês Zygmunt Bauman -"Mundo Líquido" ou de "relações líquidas"; pode-se entender a definição como um mundo de inconstâncias, onde tudo flui e nada é certo.
A gíria "Crush" vem sendo utilizada para descrever uma situação onde se há uma "quedinha" por alguém ou para se definir uma paquera. Porém, pesquisando o mundo adolescente você consegue perceber que é algo mais profundo do que esta simplista descrição sugere e completamente novo, e que não seria de se estranhar, afinal estamos vivenciando um tempo liquidificável; onde tudo se desfaz no ar e as "coisas" são disformes, superficiais.
Crush define a paixão surgida por uma ideia, [perceba, uma paixonite por uma ideia e não pelo ser de fato] - que se faz de alguém (projeção/idealização), algo totalmente subjetivo e fora do mundo "palpável por constatação". Pode surgir por afinidades como exemplo: o estilo como a pessoa se veste, o que ouve, com quem anda, como se movimenta; mas tudo à partir de um ponto de vista unicamente criado à partir de uma abstração individual que pode-se desfazer-se simplesmente como veio à surgir: com a aproximação de fato e constatação da essência do ser antes idealizado.
Isto vem a constatar que estamos bem distantes do que defendeu o filósofo alemão do séc.XIX, Niezstche quando discorreu sobre o Amor-Fati: Um amor por alguém, por um ser, pelo que de fato este o é; sem idealizações ou projeções, mas a total aceitação da crueza do ser como ele é, com suas virtudes e defeitos. Amar as pessoas pelo que são, mesmo com seus erros ou falhas; visto que isto tudo constitui a essência de tal ser.
Nietzsche escreveu mais sobre o Amor-Fati pelo mundo; amar o mundo, aceitá-lo e vivê-lo tal como ele é: com todos os seus sabores, dores, com toda a sua crueza, sua tragédia, sua magnitude e entender que as coisas são o que são; distante do mundo das ideias de Platão ou o pós-mundo cristão. Friederich Nietzsche, defendeu em sua filosofia o desafio de vivermos a vida tal como ela é: única, findável porém majestosa, tortuosa mas repleta de beleza e aprendizados.
Jorge Azevedo in 2016
Obs: A definição está clara, isto é óbvio, mas o que fiz foi uma análise sob uma ótica particular minha e subjetiva da evolução e transformação que a linguagem sofreu e sofre no decorrer das gerações e como é inserida dentro de cada tribo.
O idioma/língua/dialeto ou no caso gírias são mais que meros artifícios ou códigos de comunicação; o que se faz possível o canal entre locutor-interlocutor ou receptor, mas, na verdade, é o que dá identidade a determinado povo.
É também cientificamente comprovado que pensar em alguns idiomas ou ser fluente nestes aciona mudanças cognitivas consideráveis no cérebro no que tange percepção, memória, raciocínio, por exemplo.
TEORIA: "Edward Sapir era um antropólogo especializado nas associações entre língua e cultura. Benjamin Lee Whorf, por sua vez, um discípulo formado em engenharia química que se fascinou pela linguística a tempo de mudar sua história.
Juntos, eles apostaram que a estrutura e o vocabulário de uma língua são capazes de moldar os pensamentos e percepções de seus falantes — e que, portanto, cognição e língua são inseparáveis."
Teoria esta que inspirou o livro que deu origem ao filme The Arrival. Por outro lado eu também discorri sobre a fluidez das relações contemporâneas, como teorizou o póstumo sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Espero que eu tenha conseguido esclarecer certas dúvidas sobre o porquê do texto.
FONTE: Revista Galileu