Visualizações

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

ENTREVISTA COM ELAINY CRISTINA

https://jornaldelfos.blogspot.com/2019/11/entrevista-com-elainy-cristina.html
ENTREVISTA COM ELAINY CRISTINA


Aroldo Historiador: 1_ Quais as principais dificuldades que os cadeirantes encontram em seu cotidiano que as outras pessoas normalmente não lembram?


Elainy Cristina: 1- Do respeito por um deficiente ( pois deixamos de ser vistos como ser humano, passamos a ser vistos como uma pessoa de outro mundo ou que estamos com alguma doença contagiosa). 

Pois o comportamento é outro; as pessoas não consegue ver que é uma pessoa normal, só que tem momentos, não de exclusividade, mais de algumas prioridades, dependendo do segmento ou deficiência. 

Queremos que o local seja redirecionado pra todos poderem entrar em um estabelecimento. Se uma pessoa faz um comércio ele no mínimo coloca portar para as pessoas poderem entrar ,então pra nós, se tiver degraus vai nos impossibilitar de entrar, como se o comerciante tivesse feito o comércio sem porta

Como as pessoas vão entrar para comprar o que precisam, nesse caso? O que eles mais esquecem é que merecemos respeito e que estamos ali como qualquer ser humano que precisamos de condições adequadas pra gente também poder entrar, fazer, participar ,comprar e mais coisas que precisamos e o principal: ter o direito de ir e vir naturalmente .

Aroldo Historiador: 2_ O que, na sua visão, falta em Pacoti para que exista acessibilidade de fato?

Elainy Cristina :2-Vontade, pois é uma cidade pequena e turística. Nem nós da cidade podemos usufruir das coisas que a cidade tem ou mesmo no dia a dia como um deficiente visual vai andar na cidade sem nenhum piso tátil nas calçadas? Pois, todas são irregulares, todas de altura diferente. Pois, elas são de toda a comunidade, se não pode mudar todas ao menos no centro da cidade e nos locais públicos como: comércios, pousadas, colégios, quadras se fossem adequadas com rampas piso tátil.



E em reuniões e eventos populares e em colégios com educação inclusiva também ter intérpretes pras pessoas surdas, ou não tem na cidade? 



Vocês sabem que não têm pousadas em Pacoti que um deficiente possa ir passar o fim de semana? Aliás, só tem uma e um chalé: a Estância Vale das flores e um barzinho com um banheiro adequado para receber os PCDs [pessoas com deficiências] o Café com Verso. Não tem mais nenhuma. Já liguei, perguntei, questionei, e não tem um quarto acessível com banheiro com barras portas largas rampas, quarto grande, e poder andar por todo o local da pousada. 



E ter o respeito pois se você pensar que você pode ficar ou ter alguém na família, você vai pensar diferente. E pra que servem as leis quando estão fazendo as pousadas e as fiscalizações arquitetônico na cidade? Pois esses arquitetos têm a obrigação de saber dessas normas e fiscalizar pra que elas sejam cumpridas pela Prefeitura da cidade .



Aroldo Historiador: 3_ Do que você mais sente saudade de fazer?


Elainy Cristina: 3- Pra lhe falar a Verdade é falta de me ajoelhar quando vou rezar e o desejo de dançar com os meus filhos e com o meu esposo. Mas, na verdade mesmo, é de ser vista como uma pessoa normal, pois não é agradável chegar em um local e olham pra você como uma pessoa de outro mundo. 



E também do mar e fazer o que eu fazia antes de trabalhar, de dirigir, de andar, correr. kkkkkk são coisas fúteis, mas é mais vaidade ou vontade kkkk de ser eu como era antes, e tenho consciência que não será tão fácil e rápido; se vier será um milagre, que tenho muita fé e também ralado muito, muita fisioterapia pra melhorar um pouco porque aqui em Fortaleza não tenho um local ou experimento de você voltar a andar. 



Não sou famosa pra ser patrocinada e poder colocar células tronco, que no Brasil não é permitido, e só tem em Salvador, mas nós sabemos que isso a política brasileira não quer desenvolver tecnologicamente, eles querem só fazer um trabalho paliativo não curar, querem vender remédios; isso já vai pra outro lado, a falta de poder político. 



Mas, vamos voltar, a minha saudade mesmo é poder ficar de joelho ao rezar, poder dançar com os meus filhos e meu esposo, ser vista normalmente como antes e fazer as coisas que eu fazia que não será tão fácil. Mas, entrego nas mãos de Deus, Ele sabe o que está feito pra minha vida, pois o meu livramento ele já me deu, que foi me deixar viva pra continuar a minha vida com meus familiares e amigos.



Aroldo Historiador: 4_A sua visão de mundo mudou muito com esse modo de vida atual?



Elainy Cristina: 4- Eu já vinha nessa linha de ajudar às pessoas até LIBRAS fiz em uma empresa que trabalhei. Mas, mudamos sim, o meu desejo foi de querer ajudar, mas estar mais com meus familiares, coisa que eu trabalhava demais e não saía muito com os meus filhos, isso eu mudaria; antes estar mais com eles, isso me dói muito porque eu não usufruía muito a vida com os meus filhos.



E vejo que agente perde muitos direitos; tudo pra gente já é difícil por ser mulher e mulher deficiente aí que o negócio fica difícil, não impossível, mas mais complicado pra nós. 



Imagina, acontece uma discussão em um local que você está, todo mundo corre e você não pode fica parada e ninguém lembra de você. É horrível isso. 



Então, a visão muda mais de ver que a gente perde muito os nossos direitos, temos que lutar mais pra fazer acontecer. E damos mais valor às pequenas coisas, à família, estar juntos com os filhos e familiares, que agora já são independentes. Aí você vê que perdeu um tempo grande de deixar eles e viver trabalhando .



Aroldo Historiador: 5_quais as mudanças que você gostaria de ver no mundo, nesta ou nas próximas décadas do século XXI?


Elainy Cristina: 5- Eu vejo que temos três tempos na vida pra se planejar, principalmente pra acontecer as mudanças em um local ou vida.

-Pequeno prazo: realizar campanhas educacionais sobre os PCDs, planejamentos arquitetônicos pra cidade e fiscalização efetiva pra mudança dos locais, cursos de intérpretes para pessoas de cada secretária pra poder se deslocar para eventos e reuniões que tenha surdos, planejamento dos locais pra colocar o piso tátil, 

Médio prazo- Cobrança efetiva dos locais populares pousadas comércios, escolas, quadras para os PCDs poderem andar e participar de eventos que tenha na cidade, implantação das escolas inclusivas para os PCDs e intérpretes nas escolas e locais públicos que tenham eventos e reuniões como na Câmera de Vereadores e outros, implantação de um centro para pessoas com deficiência onde será um local que ele encontrará cursos,esporte treinamento para futuros profissionais, transporte para o deslocamento dessas pessoas estarem nos eventos da cidade, locais de fisioterapia diária para as pessoas que sofreram AVC,lesão medular, amputação, acidente que afetou o sistema nervoso, onde esse local será pra que a pessoa, logo que voltar de seu tratamento no hospital, ter condições pra pode voltar à vida o mais normal possível, investimento da criança como a síndrome de doenças raras: síndrome de dow, esclerose múltiplas, e todos os tipos de deficiência sem distinção da infância ao idoso. 

Longo prazo- todos os projetos já estarão sendo aplicados para uma vida digna pra todos viveram em comunidade, pois hoje ninguém vê um deficiente. Será que essa cidade não tem? Ou estão impossibilitados de poderem sair de casa e poder ter uma vida de qualidade? Aplicação de todos os direitos preservando à vida dos PCDs, pois é difícil a vida, mas não impossível, quando se tem fé e esperança acontecem as mudanças. Pois, o futuro só a Deus pertence e todos nós merecemos viver com a mesma qualidade de vida.


Ateu Poeta
10\03\2016
Entrevista via Facebook
Pacoti-Fortaleza-CE